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Seletividade alimentar: 10 dicas infalíveis para driblar 

Descubra como incentivar seu bebê a aceitar novos alimentos com a ajuda da nutricionista materno-infantil Laura Escobar

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Você tem notado que seu bebê está ficando mais seletivo com a comida? Antes ele comia de tudo com a família, mas agora parece que começou a escolher o que quer no prato? Essa fase é conhecida como seletividade alimentar e é bastante comum entre as crianças pequenas, geralmente por volta dos 2 anos de idade. Durante esse período, é normal que as crianças comecem a recusar certos alimentos e demonstrem preferências por outros. Embora seja um desafio frequente para muitas famílias, essa seletividade tende a ser passageira, especialmente se a introdução alimentar for conduzida de maneira gradual e consistente.

Para ajudar você a lidar com essa fase de forma eficaz, convidei a nutricionista materno-infantil Laura Escobar para colaborar com dicas valiosas. Juntas, separamos 10 dicas práticas que irão auxiliar na aceitação dos alimentos pelos bebês seletivos. Vamos conferir?

1. Respeite o apetite da criança

Se a criança está sem fome, não force uma refeição ou um lanche. Da mesma forma, não a suborne ou pressione a comer. Isso poderá apenas desencadear (ou reforçar) uma luta pelo poder sobre o prato. 

Ninguém gosta e sente prazer em se alimentar estressado, fazer associações negativas com a refeição não melhoram a aceitação, e sim, atrapalham o processo. Se a criança não quiser comer na hora da refeição, ofereça novamente em 30 minutos e veja se a “fome já chegou”, se não. Passe para a próxima refeição, que pode ser um pouco mais farta ou um pouco antecipada do horário habitual.

Lembre-se de que as crianças possuem uma autorregulação da saciedade e sabem quando estão com fome e quando estão saciadas e, além disso, podem alternar dias de muito apetite com dias de pouco volume – isso é normal e depende de vários fatores. O importante é assegurar que estejam crescendo normalmente. Não espere um padrão homogêneo!

2. Crie uma rotina alimentar

Sirva as refeições e lanches por volta dos mesmos horários todos os dias. Estabelecer horários para as refeições, de forma regular, não só cria uma sensação de segurança para os bebês, mas também ajudam a regular o apetite e prevenir a seletividade alimentar. Uma rotina alimentar bem estabelecida melhora a aceitação alimentar, visto que sempre que comemos em determinado horário nosso corpo se organiza e sente fome naquele período do dia. 

Organizar uma rotina para a criança, com horários consistentes para as principais atividades diárias, como alimentação e sono, ajuda as crianças a entenderem o que vai acontecer, o que pode reduzir a ansiedade e a frustração e melhorar o comportamento geral. Inclusive o alimentar, ajustando o horário de maior apetite com o momento de oferecer a refeição.

3. Não seja um cozinheiro quebra-galho

Preparar uma refeição alternativa ou substituir a refeição por algum alimento que a criança deseja ou leite quando rejeita a original poderá promover e reforçar o padrão seletivo. Crianças são muito perceptivas, se perceberem que sempre ganharão o que gostam ao recusarem uma refeição, elas repetirão esse comportamento sempre que não aceitarem o que foi oferecido. Encoraje-a a permanecer na mesa mesmo que não coma tudo, coma apenas o que lhe agrada – dentro das opções que foram servidas, mas não saia da mesa para buscar outro alimento para a criança.

4. Alimento de conforto

Quando a criança está em fase de recusa alimentar de determinados alimentos ou texturas – que pode acontecer desde falta de apetite naquele momento, um resfriado e até um dente nascendo – podemos usar a estratégia do alimento de conforto. Esse é aquele alimento que sabemos que a criança gosta. Em momentos de maior seletividade, podemos encaixar na rotina alimentar a presença desses alimentos, principalmente quanto tiver uma novidade no prato. 

Servir alimentos novos ao lado de alimentos de conforto colaboram com a permanência da criança na mesa e estimulam uma aproximação alimentar de novos alimentos de forma gentil.

5. Torne o ambiente da refeição agradável

Quando as refeições são servidas em um ambiente calmo e positivo, sem distrações como celulares ou televisores, as crianças podem se concentrar melhor na comida e desfrutar da experiência de comer. Um ambiente tranquilo e acolhedor, onde os pais e/ou cuidadores também participam das refeições, sem apressar a criança a comer, ajuda a criar uma associação positiva com a refeição. Além disso, auxilia na referência visual de como comer – eles aprendem também por observação e imitação.

Muitas vezes bebês e crianças fazem refeições sozinhas ou são apenas alimentados sem nenhuma referência do que deve e como deve ser feito. A interação social durante as refeições, como conversas e elogios, também é fundamentais, reforçando comportamentos alimentares positivos e tornando a alimentação um momento prazeroso e educativo para a criança. Afinal, ninguém gosta de comer em ambientes estressantes, barulhentos, com brigas ou pressa. 

6. Varie na forma de apresentação

Apresentar os alimentos de forma colorida e atrativa pode despertar o interesse da criança em experimentar novos sabores e texturas, facilitando a aceitação de uma alimentação variada e nutritiva. Corte os alimentos em vários formatos (estrelas, palito, cubos, etc), utilize cortadores diferentes como aqueles de biscoito, use boleadores de frutas ou até uma faca comum. Praticando a variedade na forma de preparo e apresentação dos alimentos deixamos a refeição mais atrativa e curiosa.

Já pensou em mudar a forma de preparo de algum alimento? Às vezes não gostamos de um alimento por termos alguma experiência não positiva com ele num primeiro contato. Com variedade de cores, texturas e temperos podemos descobrir uma maneira de gostar de determinado alimento.

6. Inclua seu filho no processo

Leve-o ao supermercado, nas feiras ou na padaria, peça que ele o ajude a selecionar e colocar em sacolas as frutas, vegetais e outras iguarias saudáveis. Em casa, encoraje-o a lavar os vegetais, organizar a fruteira ou preparar a mesa. Essas atividades podem ser diversas e variar de acordo com a idade da criança, mas promover contato com os alimentos fora do horário das refeições ajuda a criança a reconhecer os alimentos quando estiverem no prato. 

Além de estimular o contato com os alimentos saudáveis de forma exploratória, sem a obrigação de comer. 

7. Dê o bom exemplo

Se você come alimentos saudáveis variados, a probabilidade de seu filho seguir seu exemplo é maior. Contudo, se você tiver restrições a alguns alimentos, aproveite a oportunidade e a boa causa para mudar seus hábitos – você estará fazendo um grande investimento para a consolidação de hábitos saudáveis, além de ajudar a prevenir doenças da vida adulta.

8. Minimize distrações 

Desligue a TV, celulares e outros jogos eletrônicos durante as refeições. Isso ajudará a criança a focar na comida. Tenha em mente que as propagandas na TV podem também estimular o desejo por outros alimentos menos nutritivos.

9. NÃO ofereça sobremesas como recompensas ou prêmios

Barganhar a sobremesa pode transmitir a mensagem equivocada de que as sobremesas são os melhores alimentos, o que aumentará o desejo das crianças por doces.

Ao invés de proibir, você poderá selecionar uma ou duas noites na semana como “noites da sobremesa” ou definir, posteriormente, quando mais velhas, pequenas porções de sobremesas ao final das refeições, passando os conceitos de complementaridade e moderação. Ou poderá redefinir a sobremesa nos demais dias da semana com frutas, iogurte ou outras escolhas menos convencionais, mas nunca como recompensa por comer tudo.

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10. Cuidado com o que diz

Rotular uma criança como “a que não come nada”, “chata para comer” e “cheia de frescura”, também não ajuda no processo. Muitas vezes não fazemos com intenção, mas falamos com colegas, vizinhos e parentes sobre a seletividade alimentar da criança como se ela não estivesse ali. Pode parecer que ela não entende ainda o que está falando, mas ela está!

Mude essa atitude para “ela(e) ainda está aprendendo a comer”, “ela(e) ainda está conhecendo as frutas/vegetais”… Essa mudança de comportamento da fala, pode ajudar muito no processo e confiança da criança. Afinal, se sempre escuto de quem cuida de mim que “não como” determinado alimento, há uma grande chance de eu nunca me aproximar de forma natural dele e sempre evitá-lo. 


Agora, se a introdução alimentar do bebê não foi variada, foi realizada com alimentos batidos e misturados e não teve evolução de consistência, ou se essa seletividade persistir e a criança passar dias sem comer, busque ajuda de um profissional, pois pode ser um transtorno de seletividade que pode ser um pouco mais sério e precisa de acompanhamento especializado. 

Para saber mais dicas sobre alimentação infantil e seletividade, siga @lauraescobar.nutri. No meu perfil (@gibelarmino_), você encontra dicas sobre bem-estar da mãe, nutrição e dicas para empoderar seu maternar.

IMPORTANTE: O conteúdo desta página não deve substituir as orientações médicas e/ou nutricionais de profissionais da saúde habilitados.

Colaboração

Laura Escobar – Nutricionista Materno Infantil (CRN3 63644)

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•⁠ ⁠Especialização em Nutrição Clínica Materno-Infantil pelo Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas FMUSP;
•⁠ ⁠Pós-graduação em Comportamento Alimentar;
•⁠ ⁠Capacitada em Seletividade Alimentar e Introdução Alimentar;
•⁠ ⁠Aprimorada em Disciplina Positiva na Alimentação;
•⁠ ⁠Curso em Gastronomia Funcional pela EEP USP;
•⁠ ⁠Realiza cursos em Terapia Alimentar e dificuldades alimentares para nutricionistas e equipes multidisciplinares;
•⁠ ⁠Palestrante em instituições de ensino
•⁠ ⁠Atua com bebês, crianças, adolescentes, gestantes e pós-parto, em consultório particular na cidade de São José dos Campos/SP.
•⁠ ⁠⁠Instagram: @lauraescobar.nutri

Referências

Taylor, C. M., Wernimont, S. M., Northstone, K., & Emmett, P. M. (2015). Picky eating in preschool children: Associations with dietary fibre intakes and stool hardness. Appetite, 95, 191-198.

Dovey, T. M., Staples, P. A., Gibson, E. L., & Halford, J. C. G. (2008). Food neophobia and ‘picky/fussy’ eating in children: A review. Appetite, 50(2-3), 181-193.

Cooke, L. J., Chambers, L. C., Añez, E. V., & Wardle, J. (2011). Facilitating or undermining? The effect of reward on food acceptance. A narrative review. Appetite, 57(2), 493-497.

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