Decisão precisa considerar as conversas, desejos e ser um consenso do casal
Antigamente, era comum para a maioria das famílias criar vários filhos ao mesmo tempo. Mas com o passar do tempo, esse costume diminuiu e, hoje, existem inclusive casais que sequer pensam em ter crianças tão cedo. Afinal, os tempos são os outros e ter um filho é uma decisão que pode precisar passar por reflexões importantes no casal.
Como isso afeta a vida de ambos? E a dos familiares? Quais custos estão por trás? E, por outro lado, quais as vantagens de ter um filho? Será que não vale mesmo a pena? Hoje, vamos destrinchar juntos o que considerar caso você esteja em dúvida de engravidar ou não, dos motivos a favor até os contras. Confira:
Qual o sentido de ter um filho?
Acho que a primeira grande pergunta que deve ser feita para os casais que estão na dúvida sobre ter ou um filho é: qual é o propósito que vocês querem seguir? Existem casais que sonham em prosperar uma família, de dar a chance de seus pais se tornarem avós, de passar todo o legado, educação e ensinamentos que aprenderam ao decorrer da vida para os pequenos, e que esperam criar companheiros que farão parte da sua vida.
Mas por outro, existem casais que preferem economizar para viver com mais conforto, que querem viajar para vários locais do mundo, que querem manter a relação a dois como prioridade no dia a dia, entre outros motivos. Por isso, esses detalhes, que podem ser desde objetivos alcançáveis até sonhos distantes, precisam ser considerados.
Minha sugestão é anotar todas essas metas em algum lugar, seja num diário, num caderno, em papel adesivo (Post-its) ou em um quadro e considerar tudo que muda na vida a dois ao virarem três. Ter a visão de todos esses pormenores pode facilitar na decisão. Converse também com outras pessoas, especialmente com psicólogos e terapeutas, sobre o que você está sentindo.
E, claro, saiba discernir experiências e relatos de outras pessoas que tiveram filhos de exigências por pura pressão. Não faça isso para agradar os outros, mas sim, você e seu parceiro.
Primeiro passo: converse com seu parceiro
Se você vai considerar todos os motivos que te fazem querer ter um filho ou mesmo o contrário, que te afastam do desejo da maternidade, é fundamental conversar com o seu companheiro e ver o que ele também pensa.
Muitos casais possuem maturidade para saber discernir isso desde o começo do relacionamento. Outros a constroem com o passar do tempo. Fale suas ideias, deixe que ele exponha o que pensa para o futuro, deixem essa troca de pensamentos fluir.
Não precisa ser uma única conversa e imediata. Com o tempo, vocês definirão o que for melhor. Pode ser que nenhum dos dois queira ter filhos, ou ambos possuam essa vontade. Mas quando há divergências, um dos lados acaba cedendo, pelo sim ou pelo não, e cabe à dupla saber respeitar a decisão mutuamente.
Quais reflexões são importantes antes de decidir ter um filho?
Uma vez que você já tem as metas do casal em mente ou anotadas, e conversou com seu parceiro se ele concorda com a decisão, chegou a vez de mensurar tudo o que muda e que afeta não só a vida de vocês, mas também a de uma possível criança nova na família:
Idade
Algo importante a ser considerado é a idade do casal. Antes, era comum que as nossas mães e avós engravidassem cedo, próximo da faixa etária dos 20 anos. Hoje, por mais que existam muitas mães nos primeiros anos da maioridade, ainda assim, boa parte das mulheres esperam ter um relacionamento mais maduro e construído para dar o próximo passo.
Por outro lado, existem riscos associados à saúde do bebê que provém de uma gravidez tardia. Inclusive, aqui no De Mãe em Mãe, tenho um post explicando como ajudar as mamães que estão nessa situação a terem uma gestação saudável, vale a pena conferir.
Com tudo isso em mente, vale a pena esperar os 30, 40, 50 anos para engravidar? E a adoção, é uma alternativa? Anote essas questões e discuta com seu companheiro, os prós e contras.
Pressão social
O desejo de ter um filho é seu ou do seu parceiro mesmo, ou alguma influência externa está sendo considerada na tomada da decisão? Conforme envelhecemos, os grupos de amigos ao redor também começam a criar as próprias famílias. Com isso, você se sente pressionada a ter uma criança pelo lado social?
Ou então, pode ser a própria família que impacta na decisão. Os pais querem virar avós, os irmãos se tornarem tios, e assim por diante. Mas, volto a ressaltar, por mais que conselhos sejam bem-vindos, a decisão cabe única e exclusivamente ao casal. Não existe uma escolha certa ou errada, mas respeitar a decisão é sempre importante para a construção de diálogos e até mesmo para, quem sabe, mudar de ideia no futuro.
Trabalho
Um fator que tem influenciado cada vez mais na tomada de decisões sobre a gravidez em famílias é o trabalho. Existem casais que optam por manter o emprego de ambos e, com isso, esperam contratar uma babá ou recorrer à ajuda de uma rede de apoio para conciliar a vida atarefada com a chegada do pequeno.
Outros conseguem adotar o home-office ou bicos para complementar a renda e, ao mesmo tempo, se manter perto do recém-nascido. Há também casais que preferem que apenas um dos dois trabalhe, enquanto o outro fica responsável por cuidar do bebê e de afazeres domésticos.
Por isso, essa decisão requer cautela. Vale a pena também saber sobre leis trabalhistas nos locais do expediente. Eles oferecem quanto tempo de licença maternidade? E paternidade? Oferecem auxílio-creche? Como funciona caso o bebê passe mal ou precise ser buscado na escolinha? Tudo irá impactar na decisão do casal.
Vida pessoal
Existem perfis diferentes para cada casal, e aqui nesse tópico, a decisão varia muito, mas vou dar exemplos que ocorrem frequentemente:
· Casais que gostam de frequentar esportes vão conseguir manter as atividades físicas e treinos alinhados à rotina de cuidados do bebê? Ao menos nos primeiros anos, escaladas podem ser trocadas por passeios matinais, corridas e maratonas por caminhadas, e assim por diante.
· Se a dupla é fã de viagens ou de passeios a dois, a chegada da criança vai gerar mais despesas e dificuldades para entrar em determinados locais, como sessões de cinema, restaurantes, pousadas para casais, aviões, e assim por diante. Você está disposto a abrir mão desses locais ou trocar por ambientes mais amigáveis para receber crianças?
· Para casais que prezam pelo amor e pelas relações íntimas, como a chegada do bebê pode interferir? Serão menos momentos a dois? Idas constantes ao quarto para atender a choros e trocas de fralda podem atrapalhar o relacionamento?
· Em perfis de casais mais baladeiros, cuidar de uma criança faz com que as idas às festas diminuam consideravelmente. Mudanças de hábitos, como diminuir ou mesmo cortar o consumo de álcool e seguir horários para dormir em família, entram na lista de responsabilidades.
É claro que cada família pode ter comportamentos e costumes diferentes, mas para ter essa discussão de forma contundente, anote seus hobbies, passatempos e programas que gosta de fazer no dia a dia e considere como o bebê poderia se encaixar, o que seria prioridade para você.
Finanças
Por fim, chegamos a um ponto um pouco mais complicado de mensurar. As temíveis finanças familiares. É difícil calcular tudo, mas algumas contas que você pode se precaver incluem:
· Gastos com enxoval da criança e acessórios (baixe essa planilha para te ajudar a se organizar)
· Mala da maternidade (aqui no site tem outro checklist bem útil para esses casos)
· Gastos com a reforma do quarto do bebê/criança e de habitação e moradia
· Alimentação diária a partir dos seis meses (confira a lista para a introdução alimentar)
· Itens de cuidado e higiene
· Despesas hospitalares e plano de saúde
· Gastos com escola e materiais de ensino
· Aumento de despesas já existentes como luz, água, gás, entre outros
· Brinquedos, passeios e outros gastos com lazer
· Profissionais de apoio (babá, tutores, transporte escolar)
Planejamento financeiro familiar: quanto custa ter um filho?
Quais as vantagens de ter um filho? E as vantagens de não ter um filho?
Agora você já tem tudo na ponta do lápis e sabe boa parte do que está por trás das mudanças provenientes da maternidade. Mas se você ainda estiver em dúvida, confira a seguir os prós e contras:
Vantagens de ter um filho
· Mudanças positivas na rotina
· Aproximação de famílias e amigos
· Valores religiosos de construção familiar e de legado
· Mais alegria e diversão no dia a dia
· Senso de propósito e de objetivo para a sua vida
· Compartilhamento de amor, energia e emoções com sua família
· Aprender novas ideias sobre o mundo sob a perspectiva do seu filho
· Criar novas gerações e levar o sobrenome da sua família adiante
· Pode servir para corrigir erros dos pais ou ressignificar atitudes
· É um desafio para pessoas que gostam de fugir do tédio
Vantagens de não ter um filho
· Menos gastos e finanças para a família
· Rotina de sono e de hábitos da vida a dois permanecem os mesmos
· Viagens não precisam ser limitadas ou pouco acessíveis
· Sobra mais tempo para fazer atividades do dia a dia
· Menos interferências na rotina do trabalho e em possibilidades de carreira
· Mais privacidade em algumas situações cotidianas
· Não há sentimento de culpa ou de arrependimento
· Menos frustrações perante as suas expectativas
E aí, essas dicas te ajudaram a decidir? Pelo sim ou pelo não, deixa aqui nos comentários como foi esse momento na sua vida, para que outros casais se inspirem! No meu Instagram @gibelarmino_ você confere mais dicas!
De mãe em mãe, construiremos um novo maternar!
Referências bibliográficas:
10 Reasons Why People Want Kids (and 10 Reasons They Don’t). We Have Kids, 2022.
15 Pros and Cons of Having Kids. ParentsPlusKids, acesso em abril de 2023.
Things to Consider before Having a Baby. WakeMed, acesso em abril de 2023.