Você sabe o que é descolamento de placenta? Mais comum no segundo trimestre de gestação, essa condição é grave e inspira cuidados.
A placenta é o nome dado para o órgão vascular responsável por transmitir todos os nutrientes e oxigênio da mãe para o bebê através do sangue. Além disso, é responsável por eliminar o dióxido de carbono e os resíduos de nitrogênio produzidos pelo feto durante os 9 meses de gestação. Ela só existe durante a gravidez e, além das funções citadas acima, também secreta hormônios fundamentais para o desenvolvimento fetal e funciona como uma bolsa que aconchega o bebê dentro do útero.
De acordo com estudo científico divulgado pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), o descolamento de placenta acontece em aproximadamente 1% das gestações em todo o mundo, sendo que um quarto dos óbitos de recém-nascidos são ocasionados pelo descolamento de placenta.
O que é descolamento de placenta?
O descolamento de placenta ou descolamento prematuro da placenta acontece quando a placenta é separada da parede do útero prematuramente, causando cólica abdominal forte e sangramento vaginal, em gestantes com mais de 20 semanas de gestação.
Esta situação é delicada, pois pode pôr em risco a saúde da mãe e do bebê, por isso, em caso de suspeita, é recomendado ir imediatamente ao pronto-socorro para atendimento com o obstetra, para diagnosticar e tratar esta situação o mais rápido possível.
Caso o descolamento aconteça no início da gravidez, ou antes das 20 semanas, é chamado de descolamento ovular, que apresenta sintomas bem parecidos.
Quais são os sintomas do descolamento de placenta?
A principal forma de identificar o descolamento prematuro da placenta é devido ao sangramento vaginal, que ocorre em 70% dos casos, com intensidade e cor variáveis.
Existem casos em que o sangramento vaginal não está presente, pois pode ser oculto, ou seja, ficar retido entre a placenta e o útero.
Outros sinais que geralmente aparecem quando se trata de um descolamento placentário é dor abdominal muito intensa e de início súbito; contração intensa e por um período prolongado, acarretando uma maior extensão do útero; começo de trabalho de parto prematuro; suor excessivo; palidez; taquicardia.
Além disso, se o descolamento for pequeno, ou parcial, pode não causar sintomas. Porém, se for muito grande, ou completo, a situação é mais grave e, por isso, é normal que os sintomas sejam mais fortes e o sangramento mais intenso.
Como é feito o diagnóstico do descolamento prematuro da placenta?
O diagnóstico de descolamento prematuro da placenta é feito pelo obstetra, a partir da história clínica e exame físico, além da realização do ultrassom, que poderá detectar hematomas, coágulos e diferenciar de outras condições que podem causar sintomas semelhantes e sangramento.
O descolamento da placenta é uma das principais causas de sangramento no terceiro trimestre da gravidez, período em que o feto e a placenta estão maiores. Seu tratamento deve ser iniciado assim que suspeitado, para diminuir o risco para a saúde do bebê e da mãe, devido às consequências do sangramento e falta de oxigênio.
Existe tratamento para o descolamento de placenta?
É importante ressaltar que o problema é considerado grave e a gravidez é de risco nessas condições, portanto, a gestante deve ser encaminhada ao serviço de urgência das unidades hospitalares.
O tratamento depende da gravidade da situação e do estado de saúde materno e da criança. A antecipação do parto pode ser indicada dependendo do estado de saúde da mãe e do bebê. A via de parto escolhida para esse caso também é individualizada e depende de cada caso, mas, no geral, é escolhida a via de parto mais rápida. Se a mãe entrou em trabalho de parto e está em condições vitais para isso, pode ser realizado um parto vaginal. Caso o contrário, é indicada uma cesárea de emergência.
O repouso absoluto é indicado caso o descolamento não seja tão grande ou quando não há possibilidade de a mãe parir. Quando o sangramento cessa, a gestante poderá voltar a realizar suas atividades, mas sem esforço e seguindo à risca as recomendações médicas.
O que causa o descolamento?
Qualquer gestante pode desenvolver um descolamento da placenta, no entanto, é mais comum que se desenvolva em mulheres com fatores de risco que afetam a circulação de sangue, como:
- Fazer esforços físicos muito intensos;
- Ter sofrido uma pancada forte nas costas ou barriga;
- Ter pressão alta ou pré-eclâmpsia;
- Ser fumante;
- Fazer uso de drogas;
- Apresentar rotura da bolsa antes do tempo previsto;
- Ter pouco líquido amniótico;
- Ter uma doença que altere a coagulação do sangue.
Como não é possível prever quando ocorrerá ou não o descolamento da placenta, é importante realizar um pré-natal adequado, sendo possível detectar qualquer alteração na formação da placenta de forma antecipada, sendo possível intervir o mais cedo possível.
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Referências
Schmidt P, Skelly CL, Raines DA. Placental Abruption. In: StatPearls. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; December 21, 2021.
Tikkanen M. Placental abruption: epidemiology, risk factors and consequences. Acta Obstet Gynecol Scand. 2011;90(2):140-149. doi:10.1111/j.1600-0412.2010.01030.x
Feitosa FE, Carvalho FH, Feitosa IS, Paiva JP. Descolamento prematuro de placenta. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO); 2018. (Protocolo FEBRASGO – Obstetrícia, no. 27/ Comissão Nacional Especializada em Urgências Obstétricas).