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Exterogestação: tudo sobre o quarto trimestre da gravidez

Você já ouviu falar em exterogestação? Essa teoria defende que os três primeiros meses do bebê são, na verdade, o quarto trimestre de gravidez. Seria como se o recém-nascido continuasse sendo gestado fora do útero, assim como os bebês cangurus! 

Ficou curiosa? Nesse post eu explico melhor o que é a exterogestação, como é essa fase para o bebê e trago algumas dicas para ajudar o recém-nascido durante a transição para o mundo externo. Confira!

O que é a exterogestação?

canguru descrevendo o que é exterogestação
Imagem: Canva

O termo exterogestação foi criado pelo antropólogo Ashley Montagu para se referir ao período de três meses após o nascimento do bebê. O pesquisador criou essa teoria ao observar que os humanos estão entre as espécies cujos filhos estão menos desenvolvidos ao nascer.

O conceito parte do pressuposto de que os Homo sapiens adquiriram inteligência e cérebro de maior dimensão ao longo da evolução humana, então, o ser humano deveria nascer antes dos outros mamíferos, caso contrário o crescimento do cérebro impediria que a criança passasse pela pélvis da mãe no parto.

Por nascerem imaturos, antes que seu sistema nervoso central esteja completamente amadurecido, os seres humanos demorariam mais tempo para andar em comparação às demais espécies animais, sendo extremamente dependentes de cuidados.

A ideia da exterogestação, portanto, é que o bebê continua sendo “gestado” fora do útero por três meses, até terminar seu desenvolvimento.

O responsável por popularizar a teoria foi o pediatra norte-americano Harvey Karp, que chama esse período de “quarto trimestre”.

Quais são as características da exterogestação?

características da exterogestação
Imagem: Canva

É comum ouvir falar que os primeiros três meses são os mais difíceis para quem tem um recém-nascido. Isso acontece porque se trata de uma fase marcada pelo desconforto do bebê ao se ver fora do útero repentinamente.

Antes, ele vivia em um ambiente quente, escuro, seguro e era alimentado em livre oferta pelo cordão umbilical. Ao nascer, ele precisa aprender atividades básicas para a sobrevivência, como respirar, se alimentar, fazer a digestão, lidar com os estímulos do mundo externo e até dormir.

Agora que está fora da barriga, ele é um bebê dependente física e emocionalmente da mãe ou de seu cuidador ou cuidadora, por isso precisa de colo, chora para se comunicar, e requer um contato íntimo e próximo para ter suas necessidades atendidas.

O sono na exterogestação

Sono na exterogestação
Imagem: Canva

Muitas pessoas acreditam que algo está errado quando o bebê só consegue dormir no colo da mãe. Porém, levando em consideração a teoria da exterogestação, entende-se que isso é natural. 

Os bebês querem se sentir acolhidos e protegidos e sentem isso no colo, lugar onde o sono normalmente é mais tranquilo e duradouro. Por isso, o sling pode ser um ótimo recurso, já que aproxima o bebê da barriga e dos sons que ele ouvia dentro do útero. 

Entretanto, precisamos considerar que nem todo bebê se adapta ao sling, e que as mães também precisam de tempo para si, realizar outras tarefas e pode ser exaustivo ser a única forma de calmar e ninar o bebê. 

É por isso que as dicas de rotina e sono que já ensinei aqui, que ensinam o bebê a entender que a noite chegou e é hora de dormir profundamente. são muito importantes e não devem ser descartadas na exterogestação. Existem outras formas de facilitar a adaptação do recém nascido na exterogestação. 

Como facilitar a adaptação do recém-nascido

exterogestação: mulher branca com bebê, também branco, no colo. O bebê está nu e a mulher sem camiseta, estimulando o contato pele a pele entre os dois.
Imagem: Canva

Durante o período chamado de exterogestação, o bebê entende que ele e a mãe são uma só pessoa. Por isso, o contato pele a pele com a mãe ou com seu cuidador ou cuidadora é essencial para proporcionar mais segurança ao recém-nascido.

A melhor forma de o bebê se adaptar é sentindo a segurança que tinha dentro do útero. E isso ocorre por meio da presença materna, dando colo, aconchego, toque, ofertando o seio materno, permitindo o contato pele a pele dos dois, para criar e fortalecer o vínculo com este bebê.

Vale lembrar que o simples toque da mãe não fará com que qualquer choro cesse. Com o contato diário e no processo em que ambos vão se conhecendo, a mãe vai entendendo aos poucos as necessidades e começa a identificar até os motivos do choro.

Como interpretar o choro do bebê?

Outras técnicas podem ajudar a simular o ambiente dentro do útero e acalmar um recém-nascido. Para isso, vale dar o play em um ruído branco ou som do útero na hora de dormir, fazer um charutinho para deixar o bebê aconchegado, carregá-lo de lado para diminuir a sensação de gravidade, balançar ou fazer chiados no ouvido até que ele se acalme.

Finalmente, é importante lembrar que a exterogestação e o puerpério coincidem, portanto o apoio da família é essencial para a mãe. Essa mãe necessita de uma rede de apoio verdadeira, que mantenha os cuidados com ela e com a casa enquanto ela cuida do bebê. Confira algumas dicas para se preparar para o puerpério e viver esse momento de maneira mais tranquila! 

Como organizar a rotina de casa no pré-parto para garantir um pós-parto tranquilo

Para saber mais sobre a exterogestação e como lidar com esse momento, não deixe de assistir o curso “Tudo que uma tentante, gestante ou mãe de primeira viagem precisa saber” que preparei em conjunto com a equipe do Parto Sem Medo.

Nesse curso, há um módulo completo sobre primeiros cuidados com o recém-nascido onde a enfermeira obstetra Camila Bellão fala com detalhes sobre a exterogestação. 

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De mãe em mãe, construiremos um novo maternar! 

Referências

Karp H. The fourth trimester and the calming reflex: novel ideas for nurturing young infants. Midwifery Today Int Midwife. 2012;(102):25-67.

Paladine HL, Blenning CE, Strangas Y. Postpartum Care: An Approach to the Fourth Trimester. Am Fam Physician. 2019;100(8):485-491.

Tully KP, Stuebe AM, Verbiest SB. The fourth trimester: a critical transition period with unmet maternal health needs. Am J Obstet Gynecol. 2017;217(1):37-41. doi:10.1016/j.ajog.2017.03.032

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