Terrible two, em sua tradução literal, significa os “terríveis 2 anos”, mas essa fase também é chamada de “crise dos dois anos” e de “adolescência do bebê”. Sabe aquela rebeldia do adolescente que acaba de sair da infância e está migrando para a vida adulta? É mais ou menos isso que acontece com os pequenos que, nessa fase se descobrem como indivíduos e não sabem lidar com suas emoções, o que resulta nas famosas birras.
Essa fase dos primeiros anos do bebê realmente deixa muitos pais aflitos. No entanto, é preciso entender que ela é absolutamente normal. Todas as crianças passaram ou vão passar por ela, de maneira mais ou menos representativa.
Por isso, é fundamental estar por dentro do assunto para saber como lidar com o seu filho e apoiá-lo nesse momento, e nesse post eu te ajudo a entender melhor, além de trazer 5 dicas para lidar com essa fase:
O que são os terrible two?
Embora o termo se refira à fase dos 2 anos, o terrible two pode começar um pouco antes, com 18 meses, e terminar depois, por volta dos 34 meses. Isso porque tem mais a ver com o desenvolvimento do bebê do que propriamente com a idade.
Durante a crise dos 2 anos, as crianças passam a dizer “não” para tudo, sendo quase sempre do contra, não gostam de seguir orientações e se recusam a aceitar decisões. Como resultado, temos as famosas birras, que podem ser mais discretas ou aquelas escandalosas que deixam os pais de cabelos em pé.
Essa é a fase em que a criança passa a se perceber como indivíduo, com desejos e opiniões próprias, e sente uma enorme necessidade de tomar decisões e fazer escolhas por si mesma, como uma tentativa de afirmar sua individualidade.
Além do mais, as birras e os chiliques nada mais são do que a expressão das suas frustrações. As crianças ainda não podem ou não conseguem fazer tudo o que querem e não sabem lidar com essas limitações. Sendo assim, o choro, o grito e a raiva são formas que elas encontram para demonstrar o descontentamento com as situações.
Convidei a pedagoga e educadora parental Luciana Bocci para me ajudar a entender melhor:
“Essa famosa “birra” nada mais é do que um mecanismo cerebral através do qual a criança ‘treina’ a integração entre as áreas das emoções e do raciocínio.
Por causa da imaturidade fisiológica, é como se esses ensaios acontecessem justamente para que o indivíduo tenha oportunidades de encontrar caminhos para autogestão emocional.
Ou seja, a medida em que q criança vai reunindo ferramentas de linguagem e de inteligência socioemocional, as birras tendem a progressivamente diminuir!”
Como lidar com essa fase?
1. Mantenha a rotina o mais estável possível
A chance de os bebês ficarem irritados e explodirem em uma birra é maior quando eles estão cansados, com fome ou frustrados. Por isso, manter uma rotina saudável e regrada, diminui o estresse da criança de 2 anos.
Esteja sempre prevenido(a) com lanchinhos e frutas na bolsa se forem ficar muito tempo fora de casa e procure organizar o dia a dia de vocês para que seu pequeno não fique muito tempo sem dormir ou sem comer. Com certeza isso o deixará mais tranquilo e menos propenso a ter acessos de chilique!
Clique aqui e confira sugestões de rotina para cada idade
2. Explique com clareza e calma
Quando a criança ficar irritada por algum motivo, prefira conversar com calma. Claro, nem sempre isso é possível. Mas procure ser paciente e muito clara no momento de lidar com alguma birra ou desobediência.
Explique, com calma e clareza, que você entende o que está acontecendo, fale sobre os motivos pelos quais ele não pode fazer determinada coisa (ele pode se machucar, se cortar, se queimar) e ofereça alternativas ou se coloque à disposição para ajudá-lo, se o motivo for frustração por não conseguir realizar algo. O diálogo é sempre o melhor caminho para resolver conflitos e fazer a criança se acalmar e compreender o que está acontecendo.
3. Seja paciente
Por mais difícil que seja manter a calma, é muito importante tentar ser paciente. Entenda que essa fase é natural e que todas as crianças passam por isso para construir sua identidade. Muitas vezes, por mais que possa parecer, o bebê não tem determinadas atitudes para te provocar de propósito, faz parte do desenvolvimento dele testar os limites e buscar independência. Por isso, evite fazer chantagens, bater ou gritar. Isso pode só piorar as coisas. Prefira sempre o diálogo.
4. Não poupe carinhos, abraços e beijinhos
Em alguns casos, a criança fica tão nervosa que machuca os outros e a si mesma. Nesse momento, uma opção que pode funcionar é abraçá-la, pegá-la no colo e confortá-la. Deixe claro que você entende que ela está sofrendo e que você está ali para ajudá-la. Faça carinho, dê beijinhos e deixe-a se acalmar.
Depois, vocês podem conversar para entender o que a deixou tão nervosa. Na maioria das vezes, as birras acontecem porque o pequeno não consegue lidar com suas próprias emoções. Então, aproveite este momento para conversar sobre os sentimentos da criança e ajudá-la a compreendê-los melhor.
5. Cuide de você!
Sabe aquele discurso no avião, de que se houver uma turbulência você precisa primeiro colocar a máscara de oxigênio em você para depois colocar na criança? Pois é, essa orientação considera que o adulto sem ar não consegue cuidar da criança, portanto, precisa cuidar de si primeiro. E isso vale muito para a maternidade. Essa fase pode ser bem mais difícil se você estiver cansada, frustrada, sobrecarregada. E aí, a paciência para lidar com a criança pode ser inexistente em algum momento o que, com certeza, não vai ajudar.
Então, sempre que possível, tire um tempo para você, para fazer algo que te faça bem para estar emocionalmente preparada para entender o que o seu bebê está precisando e conseguir oferecer.
Eu super indico a terapia, porque a criança que mora dentro de você não foi educada para inteligência emocional, há alguns anos atrás a educação era feita de uma outra forma e na hora da birra, essa criança aflora e quer medir autoridade com seu filho. Por isso, acolha e cuide da sua criança interna, para que consiga lidar melhor com o seu filho.
Espero que esse conteúdo tenha te ajudado a, principalmente, entender que esses “chiliques” e a birra não são coisas de criança mimada, que é uma fase esperada para a idade e esse comportamento não tem nada a ver com criação. Portanto, não se culpe.
O melhor a fazer nessa fase é ter empatia para oferecer todo o suporte que seu bebê vai precisar para atravessar essa fase.
Para mais dicas é bate papo, siga o Instagram @demaeemmae_ e @gibelarmino_
De mãe em mãe, construiremos um novo maternar!

Luciana Bocci é pedagoga e educadora parental
Instagram: @luciana.bocci