Entenda qual é o papel do pai durante o puerpério e como isso irá ser importante para o seu relacionamento
O momento em que o tão aguardado dia do parto chega pode ser repleto de emoções e sentimentos nunca antes vistos. Porém, não é só a nova mamãe do pedaço que precisará carregar esse fardo emocional sozinha.
Os pais e parceiros também precisam mostrar que podem ser ativos na criação e cuidado do pequeno, especialmente nessa fase inicial de transição da vida a dois para a criação de uma família maior.
Por isso, hoje meu papo é com você, futuro papai. Vamos, juntos, entender qual é (ou ao menos deveria ser) o seu papel durante os dias que sucedem o nascimento do seu filho e como isso irá, sem sombra de dúvidas, ser importante para o seu relacionamento:
O que é puerpério?
Um estudo elaborado pela empresa de tecnologia MindMiners e publicado pela revista Crescer revelou que 43% dos pais não sabem o que é o puerpério, ou ainda alegam que pode ser considerada uma fase tranquila na vida familiar.
Por isso, é melhor explicar de uma vez para não causar confusão. O puerpério é o período após o nascimento do bebê, naqueles 30 a 60 dias entre receber a alta do hospital e ver o recém-nascido se adaptar, aos poucos, ao nosso mundo.
Para se ter uma ideia de como os papais e as mamães pensam de maneiras distintas sobre esse período da vida, a pesquisa também perguntou quais os principais sentimentos de ambos os grupos.
Enquanto os pais relataram, principalmente, os sentimentos de alegria, amor e felicidade, as mães fizeram um contraponto, dizendo que, além do amor, também sentiam medo e cansaço.
Quais são as principais queixas das mulheres no puerpério?
Cada uma pode sentir, de forma diferente, um tipo de cansaço ou dor nesse período pós-parto. A seguir, eu selecionei alguns dos motivos mais comuns:
Dores e desconfortos físicos
Muitas mulheres ainda estão se recuperando do que passaram na gestação e no parto. Afinal, elas podem ter passado por uma cirurgia, por exames clínicos, perdem todo o peso de sustentar uma criança por nove meses, acabam tendo carências nutricionais, e assim por diante. Fora o fato de amamentar o filho recém-nascido, passarem horas acordadas por preocupação com o bebê, entre outros.
Por isso, é importante que os pais compreendam que não é uma frescura ou algo do gênero ao ouvirem a parceira dizer que está cansada, com cólicas, dores, entre outros sintomas.
Falta de cooperação
E por mais que muitos maridos saibam que a mulher está em uma situação delicada e de recuperação, acabam errando ao não colaborarem com outras tarefas. Além dos cuidados básicos com o bebê, como troca de fraldas e banho, há as tarefas domésticas, como limpar a casa, cozinhar, cuidar do pet, etc. Não espere que a esposa peça para que você faça isso, pois acaba gerando a chamada carga mental, que também gera desgastes.
Leia também: Carga mental: como identificar e diminuir
Saúde mental
Muitas mulheres que deram à luz recentemente também podem sofrer sintomas da chamada depressão pós-parto, ou baby blues. E seja por falta de diálogo entre o casal ou por qualquer outro motivo, os maridos não conseguem notar que a esposa está passando por isso. Caso perceba que sua companheira de vida está fragilizada mentalmente, busque ajuda psicológica e esteja aberto a diálogos com escuta ativa.
E como os pais podem ajudar?
Não existe uma fórmula mágica ou receita que irá servir para todos os casais no período do puerpério. Mas algumas atitudes podem ajudar:
Diálogo é essencial
Saiba conversar com sua mulher para entender o que está a afligindo e causando cansaço, medo e insegurança nesse período. Procure por soluções que estejam a seu alcance, e que não sobrecarreguem a sua esposa. E você não precisa necessariamente ser o agente ativo que irá ficar ao lado da sua companheira para realizar todas as tarefas, afinal, sabemos que a licença paternidade no Brasil é curta.
Mas por isso, você pode criar uma rede de apoio com parentes, amigos e outros serviços que podem auxiliar durante todo o puerpério. Faça com que esse suporte esteja presente na rotina de vocês, não tenha medo de pedir ajuda quando precisar.
Cuidados físicos
Algumas mulheres podem se queixar de dores e cólicas no pós-parto. Por isso, você pode oferecer ajuda com a troca de curativos cirúrgicos ou com massagens para aliviar desconfortos. E, claro, os cuidados com o bebê também contam.
Não fique com o estigma de que você não sabe fazer, afinal, ser pai de primeira viagem não exige que você saiba cuidar de tudo e todos. Mas mesmo assim, não deixe de tentar, uma hora você vai aprender e ficar craque na troca de fraldas ou de curativos.
Exponha o seu lado
Por fim, para alguns pais também não é nada fácil o período do puerpério no que diz respeito à saúde mental. E aqui cabe a mesma dica das esposas: não tenha medo de dialogar e de procurar por auxílio psicológico quando necessário.
Relato
Eu pedi para o Rodrigo, meu marido, contar um pouco do ponto de vista dele como foi passar pelo puerpério dos nossos dois filhos e dar umas dicas de pai pra pai, de como ser presente:
“Desde que vi a carinha do Gu parece que virou uma chave em mim e quis participar de cada momento. Na gravidez isso não bate tanto, veio msm ali no parto, e eu não conseguia parar de olhar pra ele. Acho que a dica é ter empatia e entender o turbilhão de hormônio que a mulher esta passando e encontrar uma forma de vivenciar cada parte junto, do nosso jeito. Na amamentação, vc não amamenta, mas vc pode ajudar na pegada correta, estar do lado, incentivar, evitar críticas e comentários que traga ainda mais insegurança. Pra gente demora um pouco mais a conexão que a mãe já criou desde a barriga, então é entender que precisamos nos permitir”
Rodrigo Diniz – Pai do Gustavo e do Murilo, meu marido.
No meu Instagram @gibelarmino_ você confere mais dicas para toda a família.
De mãe em mãe, construiremos um novo maternar!
Referências bibliográficas:
Puerpério. Mindminers, acesso em janeiro de 2022. https://mindminers.com/blog/puerperio/
43% dos pais não sabem o que é o puerpério, aponta pesquisa. Revista Crescer, 2022. https://revistacrescer.globo.com/Gravidez/noticia/2022/06/43-dos-pais-nao-sabem-o-que-e-o-puerperio-aponta-pesquisa.html
Eteniger M. et al. Ações de cuidado desempenhadas pelo pai no puerpério. Esc. Anna Nery 13 (3), 2009. https://www.scielo.br/j/ean/a/fwfv5VDm5G3fzsNmB5fbbbc/?lang=ptMelissa A. et al. First-Time Fathers and Stressors in the Postpartum Period. J Perinat Educ. 2005. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1595242/