Veja o que priorizar na hora de dar água e outros líquidos para seus filhos

Seja na estação mais quente do ano ou mesmo nos dias frios, a gente precisa ficar de olho em um cuidado indispensável com os nossos filhos: a hidratação. Afinal, por conta das brincadeiras e tarefas do dia a dia, muitas vezes eles esquecem de beber água, e isso pode trazer consequências mais graves com o passar do tempo.

E mesmo se seu filho não estiver muito acostumado a tomar um pouco de água na rotina, não é preciso se preocupar. Hoje, vou te ensinar dicas para deixar a hora da hidratação de crianças mais fácil e acessível para todo mundo:

Por que é importante manter a hidratação de crianças?

Nas aulas de ciência e biologia na época da escola, você já deve ter ouvido falar que o corpo humano é composto por 70% de água. Não à toa, ela exerce diferentes funções no nosso organismo, como por exemplo, regular a temperatura do corpo, facilitar a digestão de alimentos e excretar resíduos.

Com as crianças, as funções são as mesmas. Portanto, é sempre necessário repor a água que perdemos ao longo do dia por meio do suor, da respiração e das necessidades básicas. Além disso, as crianças correm um risco maior de desidratação do que os adultos, já que o tamanho delas faz com que a pele esteja mais disponível para perda de água devido ao calor.

E muitos pequenos sequer percebem que estão com sede. Cabe a nós, pais, tentarmos incentivar e lembrar sempre para que eles tomem um pouquinho de água no dia a dia.

Como saber se meu filho está desidratado?

O corpo das crianças começa a apresentar sinais de que precisa de água. Dores de cabeça, dificuldade de concentração, lábios secos, constipação, letargia e urina com cor escura são alguns deles.

Mas a forma mais comum de perceber se seu filho está ou não bem hidratado é notar a quantidade de vezes que ele vai ao banheiro. Ficar horas sem ir pode indicar que o corpo não está bem hidratado. A fralda também serve como indicativo, quanto mais tempo demorar para você trocar, pode significar que ele não está tomando líquidos o suficiente para urinar.

Quando começar a dar água para as crianças?

Por mais que a água seja uma das formas mais indicadas para lidar com a hidratação infantil, é preciso ter cuidado com a idade em que é oferecida. Bebês de até seis meses de idade não precisam beber esse líquido ou qualquer tipo de chá e suco, e apenas o leite materno ou uma fórmula diluída corretamente é o suficiente para manter o recém-nascido nutrido e hidratado.

A partir dos seis meses de vida, quando os pais começam a optar pela introdução alimentar, é que a inclusão da água acontece. Ela deve ser feita de forma gradativa, ou seja, aos poucos. Comece alternando a amamentação com refeições sólidas e água, cerca de 120ml é o suficiente. Mas sempre que o bebê aparentar estar com sede, prefira o aleitamento materno.

Outro ponto importante é o recipiente em que a água será colocada. A indicação que sugiro é um copo de transição que seja livre de BPA. Eles ajudam o bebê a ter mais independência, sem preocupar os pais quanto à segurança.

Os modelos mais atuais do mercado contam com válvulas anti vazamento do líquido e redutor de fluxo, para evitar que o pequeno se engasgue. É legal sempre ter esse copo disponível para quando for sair com os pequenos. Lembre-se sempre que possível de colocar na mochila ou lancheira da criança.

Qual a quantidade de água que meu filho precisa tomar?

A quantidade varia dependendo da idade da criança, do tamanho dela e do nível de atividade física no dia a dia. Para crianças menores de oito anos, o consumo de água deve ser de, pelo menos, quatro a seis copos de água por dia.

Para crianças maiores, recomenda-se uma ingestão de água um pouco maior, de seis a oito copos de água diários. Se seu filho pratica esportes ou é muito ativo, ele precisará de mais copos. O mesmo vale para dias muito quentes.

Alimentação pode ajudar a hidratar?

Se seu filho está habituado a consumir frutas, grãos integrais, legumes e verduras, ele consequentemente acaba tendo uma maior ingestão de fibras, o que aumenta a necessidade de água. Isso porque elas são facilitadoras do processo de digestão, mas para que funcionem de forma adequada, precisam de água.

Com isso, é importante aumentar a ingestão de líquidos ao decorrer do dia caso ele consuma esse tipo de alimento, para evitar constipações intestinais e prisão de ventre. Mas uma dica que nem todo pai segue à risca é: ofereça a água entre as refeições, e não durante elas.

Tanto crianças quanto adultos que consomem líquidos enquanto se alimentam podem fazer com que o suco gástrico do estômago e as enzimas de digestão diminuam, o que pode causar queimação, azia, refluxo, distensão abdominal, entre outros sintomas.

Outro ponto que muita gente acaba negligenciando: muitos alimentos já são fontes de líquidos! Frutas como melancia e melão, além de outros alimentos como tomate, morango, uva, pepino, laranja, limão, sopas, sorvetes, feijão com caldo, entre outros, contêm bastante água na composição. Ou seja, muitas vezes a necessidade diária de líquidos acaba sendo completa com o consumo desses alimentos.

Meu filho não gosta de beber água, o que fazer?

Por fim, existem muitas crianças que, mesmo os pais incentivando que bebam água, acabam recusando o líquido. Para esses casos, algumas dicas podem ajudar:

Sabor natural

Experimente saborizar a água com alimentos naturais. Frutas cítricas, como laranja e limão em rodelas, ou então ervas como capim santo, erva cidreira e hortelã deixam a água com um gostinho mais refrescante, o que atrai a criançada.

Sucos? Não, obrigado!

De acordo com as recomendações médicas para consumo de bebidas de 0 a 5 anos, sucos de frutas e leite de vaca não devem ser oferecidos aos pequenos até completarem um ano de idade. E, mesmo para os mais velhos, priorize sempre a fruta in natura ao invés do suco, devido à oferta de nutrientes e fibras. Já água de coco e chás naturais podem fazer parte da rotina.

Entretanto, aqui vale uma ressalva! Essa recomendação de evitar o consumo de suco vem do fato de que o suco perde a fibra contida na fruta, além de possuir uma concentração calórica maior.

Explico: para fazer um copo de suco de laranja você usa, em média, 3 laranjas espremidas. Se você fosse comer, não conseguiria comer essas mesmas 3 laranjas, porque a quantidade de fibras aumenta a saciedade. Mas, se seu filho bebe bastante água, consome frutas e outras fontes de fibra, tomar suco não precisa ser um problema!

O Murilo, meu filho mais novo, sempre comeu muito bem. Ele comia muita fruta, muitos legumes e verduras. A ingestão de fibras do Murilo era altíssima, e mesmo eu oferecendo bastante água, a quantidade de água que ele conseguia tomar não era suficiente com relação a quantidade de fibra que ele comia e em um determinado momento, ele ficou constipado. 

Então eu comecei a complementar a ingestão líquida do Muri com sucos, porque eles são mais palatáveis, ele tomava bastante. 

O que é importante observar: se seu filho se recusa a tomar água e só quer tomar suco, é sinal de alerta! Também se ele se recusar a comer frutas e só quer tomar suco, repense a rota.

Copo personalizado

Muitas crianças podem se sentir mais motivadas quando escolhem o próprio copo para tomar a água. Deixe que eles escolham o recipiente dentro das opções que você consiga oferecer, invista em garrafinhas ou copos com personagens, coloridos e atrativos, desde que livres de BPA.

Seja o exemplo

Por fim, não adianta falar para seu filho que ele precisa de água sendo que você não tem o hábito na sua rotina. Tente ser o modelo dentro de casa, mostre que você também bebe água ao longo do dia. Faz bem para a sua saúde e a do seu filho.

Ficou com mais alguma dúvida sobre hidratação infantil? No meu instagram @gibelarmino_  você confere mais dicas!

De mãe em mãe, construiremos um novo maternar!

Referências bibliográficas:

Drinks and cups for babies and young children. National Health Service, 2022. 

Children & hydration. Health Kids Association, acesso em fevereiro de 2023. 

Water for Babies and Toddlers. Solid Starts, acesso em fevereiro de 2023.