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Gagueira infantil: mitos e verdades

Veja como identificar os sintomas e tipos de gagueira

A gagueira infantil é um distúrbio na fala que costuma ocorrer entre os dois e cinco anos. Muitos pais se preocupam com esse tipo de condição e tentam buscar as causas e o tratamento quanto antes, mas muitas vezes, a melhor forma de lidar com o problema é adaptar a rotina e o ambiente familiar.

Por isso, hoje vou te explicar tudo a respeito da gagueira em crianças, dos sintomas ao diagnóstico, e também esclarecer alguns mitos e verdades que existem acerca desse assunto. Confira:

O que é gagueira infantil?

A gagueira infantil pode ser considerada uma forma de disfluência, ou seja, é uma interrupção no fluxo natural da fala. A maioria das crianças que desenvolvem algum grau de gagueira costumam repetir sílabas, palavras ou frases inteiras.

A condição acontece, geralmente, por volta da idade pré-escolar e desaparece sozinha, mas em alguns casos, pode seguir até a vida adulta, sem um motivo de conhecimento científico.

Quais são os tipos de gagueira?

Existem três tipos principais de gagueira infantil:

Desenvolvimento

Esse é o principal tipo de gagueira em crianças, e como o nome sugere, acontece quando o pequeno está desenvolvendo a sua fala. Pode acontecer quando a linguagem de uma criança fica aquém do que ela precisa ou quer dizer.

Porém, acho interessante destacar aqui que a gagueira é diferente do aprendizado da fala. Crianças que estão nesse estágio da vida experimentam novas palavras e repetem poucas vezes os sons silábicos, por meio de tentativa e erro. Já uma criança com gagueira tende a repetir mais sons de uma mesma palavra e, com isso, acaba tendo mais dificuldade para uma comunicação oral.

Neurogênica

O segundo tipo é a gagueira neurogênica, que é mais incomum do que a de desenvolvimento. Ela pode ocorrer após um acidente vascular cerebral ou uma lesão no cérebro. A partir disso, a criança apresenta problemas de sinal entre os nervos e músculos envolvidos na fala.

Psicogênica

Por fim, outro tipo de gagueira, que também é mais rara, é a psicogênica. Nela, a condição é decorrente de um trauma emocional na criança, e geralmente, é acompanhada de problemas de pensamento e de raciocínio.

Quais são as causas da gagueira infantil?

Por mais que a gagueira neurogênica e a psicogênica tenham relação com as causas da gagueira, é difícil dizer os motivos por trás da condição. A maioria dos médicos e cientistas acredita que algumas funções do organismo contribuem para que ela ocorra, como uma interrupção nos receptores cerebrais ou nos músculos.

Muitos também acreditam que a gagueira possa ser genética, ou seja, repassada de pais para filhos. Estudos apontam que adultos que gaguejaram na infância possuem três vezes mais chances de terem um filho, sobrinho ou familiar próximo que também gagueje no futuro.

Quais são os sintomas?

Fique de olho nos principais sintomas que uma criança pode apresentar em casos de gagueira e veja se perduram de três a seis meses, mesmo após o aprendizado da fala:

·    Repetição de sílabas, sons, palavras e frases. Exemplo: “ga-ga-ga-ga-to”.

·    Sons prolongados. Exemplo: “Ssssssu-co”.

·    Usar interjeições antes de cada palavra. Exemplo: “Eu humm quero humm água” ou “Eu éééé quero éééé água”.

·    Falar bem devagar ou com muitas pausas e bloqueios.

·    Piscar repetidamente antes de falar.

·    Ficar com a boca aberta prestes a falar, mas nada é dito.

·    Ficar sem fôlego ou nervoso quando for falar.

·    Ter medo de dizer qualquer coisa.

Como é feito o diagnóstico?

Em uma consulta ao pediatra ou fonoaudiólogo, o especialista irá perguntar sobre o histórico familiar e de possíveis sintomas que indiquem a gagueira infantil. A partir disso, ele poderá fazer testes de palavras com a criança para diagnosticar a condição.

Apenas em casos com indícios de gagueira neurogênica ou psicogênica é que outros exames podem ser solicitados.

Como lidar com a gagueira infantil?

gagueira infantil
Imagem: Canva

O tratamento da gagueira irá depender de diversos fatores, como a idade da criança, os sintomas e condições de saúde associadas. Mas vale ressaltar que não há uma cura para a gagueira, apenas técnicas e habilidades que podem ajudar o pequeno a diminuir a intensidade dos sintomas.

Isso inclui técnicas de respiração e desaceleração da fala, indicadas pelo fonoaudiólogo. A falta de cuidados com a gagueira pode levar a criança a ter baixa autoestima, mau desempenho escolar e problemas de sociabilidade.

O acompanhamento psicológico também é de extrema importância, principalmente nos casos de gagueira psicogênica. É importante que toda a família seja orientada de como lidar com a gagueira, para não acabar sendo causa da piora do quadro.  

Uma dica muito importante para ajudar seu filho a lidar com a gagueira, é proporcionar um ambiente descontraído, seguro e acolhedor para ele, reservar um tempo para conversar com ele diariamente, incentivá-lo a falar de coisas que ele gosta, não reagir negativamente aos sintomas da gagueira, ter paciência com diálogos e seguir com acompanhamento fonoaudiólogo frequente.

É absolutamente contraindicado frases como “calma, respira para falar” ou “não entendi, repete” e também completar o que a criança está tentando dizer. Essas atitudes acabam deixando a criança mais ansiosa, o que contribui para a piora da gagueira. 

Leia também: Dicas práticas para estimular a fala da criança

Mitos e verdades sobre a gagueira infantil

Separei também algumas questões que até hoje geram confusão entre os pais de crianças com gagueira. Veja o que a ciência diz a respeito delas:

Crianças que gaguejam são sempre mais tímidas

Mito. Por mais que muitas crianças gagas sintam receio de falar ou de socializar com outros coleguinhas, nem sempre uma criança gaga será tímida. Muitas, inclusive, ignoram o problema e falam rapidamente. Portanto, a timidez não é um sintoma que esteja sempre associado à gagueira.

Crianças canhotas são mais propensas a terem gagueira.

Mito. Essa frase é uma crendice popular, porque no começo do século XX, as crianças eram obrigadas a escreverem com a mão direita. Se elas se mostravam propensas a serem canhotas, acabavam recebendo reforço ou broncas para forçar a escrita destra.

Isso acabava gerando estresse, e assim, algumas crianças ficavam gagas. Mas hoje em dia, a ciência revelou que não há nada relacionado ao fato de a criança ser destra ou canhota como motivo para a gagueira.

Crianças gagas são menos inteligentes.

Mito. Existem milhares de cientistas, políticos, escritores, professores e diversas outras profissões que, mesmo na vida adulta, não escondem que são gagos. Nessa lista, famosos como o ator Samuel L. Jackson, o presidente americano Joe Biden e o cantor Ed Sheeran são alguns dos exemplos. Por isso, não há qualquer sinal de que a gagueira afeta a inteligência.

O único indício, conforme citei anteriormente, é que crianças que se sentem desconfortáveis com a condição podem apresentar um pior desempenho escolar, mas não por conta de sintomas físicos, e sim, comportamentais.

O estilo de vida da família pode influenciar na gagueira da criança.

Verdade. Por último, separei uma questão que é legal abordarmos. Se sua família tem um estilo de vida agitado e corrido, uma criança que está com gagueira infantil pode, sim, se sentir pressionada. O excesso de atividades e a falta de conversas podem negligenciar a condição e aumentar o estresse e sensibilidade na fala, da mesma forma que dedicar tempo de qualidade para a criança, diminuir tempo de tela e ter mais tempo e atenção nas conversas, ajudam a reduzir os episódios de gagueira. 

Por isso, reserve sempre um tempo para falar com seu filho, permita que ele se expresse da forma como puder e desacelere o seu dia a dia, sempre com paciência e amor.

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Referências bibliográficas:

Stuttering in Children. Johns Hopkins Medicine, acesso em agosto de 2023.

Stuttering. Nemours KidsHealth, 2022.

Stuttering in Toddlers & Preschoolers: What’s Typical, What’s Not? Healthychildren.org, 2016.

5 Myths about Stuttering in Children. Speech and Language Kids, acesso em agosto de 2023.

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