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Cordão umbilical: congelar as células-tronco vale a pena?

Entenda como funcionam os bancos de sangue de cordão umbilical e placentário

Em busca da cura ou de um tratamento para doenças raras, alguns pais acabam optando por congelar as células-tronco do cordão umbilical ou da placenta. Em 15 anos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estima que mais de 140 mil amostras desses materiais tenham sido armazenadas.

Porém, será mesmo que vale a pena guardar o cordão umbilical para tratar doenças nas crianças? Qual é o custo por trás desse método, é muito caro? E quão eficaz é a medida? Selecionei a seguir algumas das principais dúvidas sobre o procedimento para você conferir:

O que são células-tronco?

As células-tronco são células que conseguem se desenvolver em diferentes tecidos do corpo humano, dos músculos até o cérebro. Elas são capazes de regenerar outras células que foram danificadas por uma doença ou condição pré-existente, por exemplo, embora ainda sejam alvo de estudos científicos para entender como isso é possível na prática.

Existem dois principais tipos de células-tronco: as embrionárias e as adultas. O primeiro grupo vem de embriões que ainda não foram usados e que foram doados para fins científicos. É por meio delas que é possível fazer procedimentos como a fertilização in vitro.

Já o segundo grupo vem de tecidos já desenvolvidos, como o cerebral, o cutâneo, o hepático e o da medula. Eles são capazes de reverter problemas de saúde nos órgãos respectivos. Por exemplo, pacientes que possuem uma lesão na medula óssea podem ser beneficiados ao receber células-tronco do mesmo tipo, com o intuito de reparação.

Qual a importância das células-tronco no tratamento de doenças?

No geral, as células-tronco podem ser uma vertente importante para o futuro da medicina, uma vez que a gama de possibilidades para os mais diferentes tratamentos é estudada diariamente. Há pesquisas que utilizam essas células para tratar reumatismo, Alzheimer, Parkinson, tumores, doenças congênitas, entre milhares de outras condições.

E não só transplantes são usados como opções de tratamento, uma vez que alguns laboratórios realizam até mesmo a formulação de medicamentos para prevenir e curar doenças.

Por outro lado, a complexidade dessas células faz com que elas sejam difíceis de trabalhar, especialmente devido às peculiaridades de cada ser humano e as reações que o corpo pode apresentar.

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Por que guardar o cordão umbilical?

Durante os partos mais antigos, era comum que o cordão umbilical fosse descartado devido à falta de uso. Porém, desde que as pesquisas com células-tronco avançaram nos anos 80, os cientistas descobriram que ele é uma das principais fontes de células embrionárias, que podem ser usadas para o tratamento de doenças.

Tanto o cordão umbilical quanto a placenta são fontes das chamadas células estaminais sanguíneas, ou hematopoiéticas, que, por sua vez, têm a função de produzir todas as outras células disponíveis no sangue humano, incluindo as do sistema imunológico.

As pesquisas mais recentes acreditam que realizar um transplante desse tipo de célula-tronco sanguínea seja mais seguro do que as células de outros tecidos, como o da medula, uma vez que há uma menor incompatibilidade do sistema imunológico com o hospedeiro.

Seria, por exemplo, uma forma de tratar doenças como a leucemia, que é um tumor que afeta as células do sangue. Mas, mais uma vez, ressalto que são necessários mais estudos que comprovem essa eficácia em uma escala mais ampla.

Como funciona o armazenamento das células-tronco do cordão umbilical?

cordão umbilical
Imagem: Canva

No Brasil, a Anvisa regula os chamados Bancos de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário, que são os serviços responsáveis por obter, realizar exames laboratoriais, processar, armazenar e fornecer as células-tronco hematopoiéticas para uso terapêutico.

Os bancos passam por processos de adequação de critérios da Agência, para garantir a qualidade e segurança das células-tronco, implicando no menor risco possível para a saúde de quem for recebê-las.

Existem dois tipos de bancos desse tipo no Brasil. O primeiro é o banco público, da Rede BrasilCord, com custos cobertos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Neles, as células-tronco são provenientes de doações voluntárias com consentimento materno, e podem ser usadas em qualquer pessoa que tenha compatibilidade comprovada após uma bateria de exames. Também pode ser usada por pessoas com algum grau de parentesco ou pelo próprio doador futuramente.

O segundo tipo inclui os bancos privados, que nesse caso, possuem todos os custos por meio dos pais contratantes do serviço. Diferentemente do sistema público, o privado possui células-tronco apenas para uso próprio ou familiar.

Quanto custa?

O valor para a coleta das células-tronco do cordão umbilical e da placenta varia de R$2 mil a R$4 mil, dependendo das condições, localidade e banco escolhidos. Além disso, é cobrada uma taxa anual para manutenção das células, com o intuito de mantê-las funcionais, que varia de R$500 a R$800.

Afinal, congelar o cordão umbilical vale a pena?

Congelar ou não o cordão umbilical para aproveitar as células-tronco é uma decisão que cabe aos pais. Ela depende de vários fatores, desde histórico de doenças congênitas na família até questões financeiras.

Porém, segundo dados da Anvisa, dos mais de 140 mil cordões preservados entre 2003 e 2018 no Brasil, apenas seis deles foram usados para um transplante no próprio paciente. Além disso, os casos mundiais também são considerados raros e não existem estatísticas quanto ao uso e à eficácia desses tratamentos.

Uma das possíveis razões é que as células congeladas podem carregar o mesmo material genético e, consequentemente, os mesmos defeitos responsáveis por uma condição de saúde que venha a aparecer nos primeiros anos de vida da criança.

Por isso, é preciso avaliar o que é mais vantajoso para o casal, mas levando todos esses dados em consideração.

Se você ficou com mais dúvidas sobre o cordão umbilical e se vale a pena congelar as células-tronco, deixe nos comentários a sua pergunta! E no meu Instagram @gibelarmino_  você confere mais conteúdo sobre esse e outros assuntos sobre saúde do bebê!

De mãe em mãe, construiremos um novo maternar!

Referências bibliográficas:

Sangue de cordão umbilical e placentário. Anvisa, 2021.

Conhecendo os Bancos de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário. Anvisa, 2020.

What Are Stem Cells? Stanford Medicine, acesso em julho de 2023.

Cord blood stem cells: current uses and future challenges. Euro Stem Cells, acesso em julho de 2023.

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