Você está visualizando atualmente Engasgo e reflexo de GAG: tudo que você precisa saber

Engasgo e reflexo de GAG: tudo que você precisa saber

Eu sempre falo aqui que a introdução alimentar é um momento de muitas inseguranças e dúvidas para os pais, principalmente para os marinheiros de primeira viagem! No início da introdução alimentar é muito comum que ocorram episódios que podem parecer um vômito ou um engasgo. Mas na verdade trata-se do reflexo de gag.

O reflexo de gag é um mecanismo de defesa do corpo que ajuda a evitar engasgos. É esse movimento, que às vezes pode assustar, que ajuda o alimento a voltar da garganta para a boca e ele está bem presente nos bebês que estão começando a introdução alimentar. 

Entender as diferenças entre reflexo de gag e engasgos, é essencial para o sucesso da introdução alimentar e para garantir a sanidade mental dos pais e cuidadores haha. Por isso, preparei este post com tudo sobre o assunto, o que fazer durante um episódio, até que idade é esperado que aconteça e qual a diferença entre gag e engasgos. Confira a seguir!

O que é reflexo de gag e como acontece?

reflexo de gag e engasgo
Imagem: Canva

O reflexo de gag ocorre no fundo da boca e é acionado quando seu corpo quer se proteger de engolir algo estranho.

A criança tem uma ânsia quando o alimento atinge a base da língua, então, o bebê volta o alimento para a boca, ou joga para fora, se assemelha com uma ânsia de vômito. Sabe a úvula, aquele sininho que temos no fundo da nossa boca? Quando alguma coisa encosta lá, como por exemplo o palito do médico ao examinar a nossa garganta, não temos um reflexo imediato de ânsia? 

O gag é isso. No bebê, esse reflexo está exacerbado e diminui com o tempo. Portanto o reflexo é uma proteção do corpo contra engasgos, porque evita que alimentos grandes demais, que não conseguirão ser engolidos, passam da garganta do bebê. É por isso que é natural e esperado que ocorra durante a infância.

Se o bebê está com 6 meses completos e apresenta todos os sinais de prontidão para iniciar a introdução alimentar, ele certamente tem o reflexo de gag bem estabelecido. 

Até que idade é normal acontecer?

reflexo de gag
Imagem: Canva

Os engasgos são mais frequentes em crianças menores de 4 anos. A partir desta idade a tendência é que o amadurecimento do corpo faça com que a sensibilidade ao gag diminua.

Porém, esse movimento não acontece exclusivamente em crianças. Adultos podem apresentar este reflexo em uma consulta ao dentista, em algum exame ou procedimento na boca, língua ou garganta e até mesmo ao tentar engolir um comprimido, por exemplo.

Portanto, o reflexo de gag nunca vai deixar de existir. Os episódios acontecem cada vez menos e conforme a criança cresce vai ficando menos sensível a essa sensação. 

O que fazer durante um episódio de gag?

Para segurança do bebê – e para evitar um engasgo de verdade – fique sempre por perto observando as reações. Mas na imensa maioria das vezes não é preciso fazer nada.

Isso porque quando tentamos ajudar mexendo no bebê ou colocando a mão na sua boca, aumentamos o risco de engasgo porque podemos empurrar para dentro aquele alimento que ele está tentando expelir. Por isso, confie no processo e observe. Geralmente depois do reflexo a criança fica normal e volta a comer normalmente. 

A intervenção pode ser necessária somente em casos reais de engasgo. 

Reflexo de Gag x Engasgo

Muita gente vê a criança durante o gag e já pensa que é engasgo e não é. O gag é como uma ânsia e isso serve para que o alimento volte.

O engasgo é quando realmente ela está com alimento parado na garganta e precisa de ajuda. Quando está engasgado, o bebê não respira e não tem nenhuma reação. 

Ele não consegue nem chorar. Nesse caso, é preciso uma manobra de Heimlich (imagem abaixo) para tirar o alimento da via e assim ele voltar a respirar.

engasgo
Imagem: Canva

O engasgo propriamente dito é mais raro. Além disso, é mais comum com líquidos do que com alimentos sólidos. 

Para evitar o engasgo, é fundamental começar a introdução alimentar apenas quando o bebê estiver preparado. Ou seja, com 6 meses e com todos os sinais de prontidão

Na introdução alimentar, se você optar pelo método BLW ou o método Gi Belarmino de introdução alimentar, onde você oferece os alimentos de forma mista, unindo o método tradicional com o BLW, é importante que os alimentos que forem oferecidos em pedaços (e não amassados) tenham o corte seguro, de forma que o bebê consiga pegar o alimento e comer.

Confira aqui como realizar o corte seguro para oferecer ao bebê!

Proteção para o bebê

Como você viu, o gag é um reflexo natural e esperado, uma proteção para o bebê não engasgar. É só uma ânsia. 

A introdução alimentar é uma fase de transição e aprendizado para o bebê e o contato com os alimentos é fundamental. Quando a mãe tem medo do engasgo, acaba ficando com medo de oferecer alimentos sólidos e o bebê acaba tomando apenas leite ou alimentos pastosos.

Isso pode prejudicar muito o aprendizado da criança, a evolução da introdução alimentar e ate mesmo o desenvolvimento da musculatura orofacial, que não trabalhará para mastigar alimentos como deveria. Tudo isso, como consequência, pode levar a uma seletividade alimentar e afetar os hábitos alimentares da criança por toda a vida. 

Então é importante que você se sinta segura. Confiança e segurança são fundamentais tanto para a mãe como para o bebê e a melhor forma de sentir-se segura, é buscando informação! Por isso, espero que esse conteúdo tenha te ajudado a entender melhor diferenças entre gag e o engasgo. 

Se ficou alguma dúvida, deixa aqui nos comentários!

De mãe em mãe, construiremos um novo maternar! 

Referências

Dowd MD. Choking in Children: What to Do and How to Prevent. Pediatr Ann. 2019;48(9):e338-e340. doi:10.3928/19382359-20190819-01

Chang DT, Abdo K, Bhatt JM, Huoh KC, Pham NS, Ahuja GS. Persistence of choking injuries in children. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2021;144:110685. doi:10.1016/j.ijporl.2021.110685

Fangupo LJ, Heath AM, Williams SM, et al. A Baby-Led Approach to Eating Solids and Risk of Choking. Pediatrics. 2016;138(4):e20160772. doi:10.1542/peds.2016-0772

Deixe um comentário

Fechar menu