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O que é Transtorno do Espectro Autista e quais os sinais?

O transtorno do espectro autista (TEA) engloba diferentes condições marcadas por desordens duradouras do neurodesenvolvimento. Surge na primeira infância, sendo mais perceptível entre os 2 a 3 anos, porém passível de ser reconhecido mais precocemente por profissionais treinados. 

De acordo com o relatório de prevalência de autismo ADDM, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), a prevalência de autismo é de 1 para cada 59 pessoas. Essa taxa é duas vezes maior que a pesquisa realizada em 2014, que era de 1 a cada 125 indivíduos.

Saber identificar o autismo é essencial para, assim, buscar alternativas de tratamento e permitir que a criança possa se desenvolver e ter o máximo de qualidade de vida possível.

Por isso, no texto de hoje, trago os sintomas mais comuns, bem como as causas possíveis para o seu surgimento. Confira!

O que é Transtorno do Espectro Autista?

autismo
Imagem: Canva

O Transtorno do Espectro Autista engloba diferentes condições marcadas por perturbações do desenvolvimento neurológico com três características fundamentais, que podem manifestar-se em conjunto ou isoladamente. São elas: dificuldade de comunicação por deficiência no domínio da linguagem e no uso da imaginação para lidar com jogos simbólicos, dificuldade de socialização e padrão de comportamento restritivo e repetitivo.

Também chamado de Desordens do Espectro Autista (DEA ou ASD em inglês), recebe o nome de espectro (spectrum), porque envolve situações e apresentações muito diferentes umas das outras, numa gradação que vai da mais leve à mais grave. Todas, porém, em menor ou maior grau estão relacionadas, com as dificuldades de comunicação e relacionamento social.

Ainda não foram descobertas todas as causas possíveis dessa condição. Existem diversos fatores que tornam uma criança mais propícia a ela – incluindo ambientais, biológicos e genéticos.

A hipótese mais aceita é a genética. Indivíduos com determinadas condições nos genes ou cromossomos, possuem mais chance de desenvolvê-lo. E crianças com irmão portador de TEA possuem risco maior de também ter o diagnóstico de TEA.

Meninos possuem 4,5 vezes mais chances de serem diagnosticados do que meninas na mesma idade. Porém, as meninas podem demonstrar autismo de forma distinta e, por isso, não terem o diagnóstico preciso ou precoce.

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Quais são os tipos de autismo?

transtorno do espectro autista
Imagem: Canva

Como falei, a palavra espectro foi incluída na nomenclatura desse transtorno por existirem diferentes classificações e acordo com o quadro clínico:

Autismo clássico

Grau de comprometimento pode variar muito. De maneira geral, os indivíduos são voltados para si mesmos, não estabelecem contato visual com as pessoas nem com o ambiente; conseguem falar, mas não usam a fala como ferramenta de comunicação. 

Embora possam entender enunciados simples, têm dificuldade de compreensão e apreendem apenas o sentido literal das palavras. Não compreendem metáforas nem o duplo sentido. Nas formas mais graves, demonstram ausência completa de qualquer contato interpessoal. 

São crianças isoladas, que não aprendem a falar, não olham para as outras pessoas nos olhos, não retribuem sorrisos, repetem movimentos estereotipados, sem muito significado ou ficam girando ao redor de si mesmas e apresentam deficiência intelectual importante;

Autismo de alto desempenho (também chamado de síndrome de Asperger)

Os indivíduos apresentam as mesmas dificuldades dos outros autistas, mas numa medida bem reduzida. São verbais e inteligentes. Tão inteligentes que chegam a ser confundidos com gênios, porque são imbatíveis nas áreas do conhecimento em que se especializam. 

Quanto menor a dificuldade de interação social, mais eles conseguem levar vida próxima à normal.

Distúrbio global do desenvolvimento sem outra especificação 

Os indivíduos são considerados dentro do espectro do autismo (dificuldade de comunicação e de interação social), mas os sintomas não são suficientes para incluí-los em nenhuma das categorias específicas do transtorno, o que torna o diagnóstico muito mais difícil.

Sinais de autismo na infância

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Imagem: Canva

A partir de um ano e meio de idade, alguns sinais de autismo já podem aparecer, até mesmo mais cedo em casos mais graves. 

Vou listar, a seguir, alguns desses sinais, mas é importante ressaltar que apenas três deles presentes numa criança de um ano e meio já justificam uma suspeita para se consultar um médico neuropediatra ou um psiquiatra da infância e da juventude. 

  • Não manter contato visual por mais de 2 segundos;
  • Não atender quando chamado pelo nome;
  • Isolar-se ou não se interessar por outras crianças;
  • Alinhar objetos;
  • Ser muito preso a rotinas a ponto de entrar em crise;
  • Não brincar com brinquedos de forma convencional;
  • Fazer movimentos repetitivos sem função aparente;
  • Não falar ou não fazer gestos para mostrar algo;
  • Repetir frases ou palavras em momentos inadequados, sem a devida função (ecolalia);
  • Não compartilhar seus interesses  e atenção, apontando para algo ou não olhar quando apontamos algo;
  • Girar objetos sem uma função aparente;
  • Interesse restrito ou hiperfoco;
  • Não imitar;
  • Não brincar de faz-de-conta.

Há outros sinais relatados por famílias com crianças autistas, como andar nas pontas dos pés; ser resistente (ou não demonstrar reação) à dor; não reagir emocionalmente às emoções dos outros, como o sorriso motivado (sorrir de volta para um sorriso), seletividade alimentar.

Tratamento do autismo

 Ainda não se conhece a cura definitiva para o transtorno do espectro do autismo. Da mesma forma, não existe um padrão de tratamento que possa ser aplicado para todos. 

Cada paciente exige um tipo de acompanhamento específico e individualizado que exige a participação dos pais, dos familiares e de uma equipe profissional multidisciplinar visando à reabilitação global do paciente. 

Há uma grande importância de se iniciar o tratamento o quanto antes — mesmo que ainda seja apenas uma suspeita clínica —, pois quanto antes iniciam-se as intervenções, maiores são as possibilidades de melhorar a qualidade de vida da pessoa. 

O tratamento psicológico com evidência de eficácia, segundo a Associação Americana de Psiquiatria, é a terapia de intervenção comportamental — aplicada por psicólogos. A mais usada delas é o ABA (sigla em inglês para Applied Behavior Analysis — em português, análise aplicada do comportamento). 

Como o tratamento para autismo é interdisciplinar, ou seja, além da psicologia, pacientes podem se beneficiar com intervenções de fonoaudiologia, terapia ocupacional, entre outros profissionais. 

O uso de medicamentos só é indicado quando surgem complicações e comorbidades.

Referências

Ministério da Saúde. Definição – Transtorno do Espectro Autista (TEA) na criança. Disponível em: https://linhasdecuidado.saude.gov.br/portal/transtorno-do-espectro-autista/definicao-tea/. Acesso em: junho de 2022.

Centers for Disease Control and Prevention. Autism and Developmental Disabilities Monitoring (ADDM) Network. Disponível em: https://www.cdc.gov/ncbddd/autism/addm.html. Acesso em: junho de 2022.

Bai D, Yip BHK, Windham GC, et al. Association of Genetic and Environmental Factors With Autism in a 5-Country Cohort. JAMA Psychiatry. 2019;76(10):1035–1043. doi:10.1001/jamapsychiatry.2019.1411
Centers for Disease Control and Prevention. Treatment and Intervention Services for Autism Spectrum Disorder. Disponível em: https://www.cdc.gov/ncbddd/autism/treatment.html. Acesso em: junho de 2022.

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