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Cocriação: o que é e como implementar?

Saiba mais sobre os benefícios dos cuidados mútuos do bebê pelo casal

O ato diário de cuidar de um bebê costuma ser associado exclusivamente, e de maneira errada, à maternidade e aos vínculos que a mãe cria com o recém-nascido, principalmente por conta da amamentação.

Porém, existe um termo chamado cocriação que busca dividir essas atribulações de forma a amenizar o expediente maternal. De mudanças na lei que concede a licença paternidade à diminuição do trabalho invisível feito pelas mães, o conceito pode trazer diferentes benefícios na rotina familiar.

Hoje, vou te explicar um pouco mais a respeito de como ele pode ser colocado na prática e como existem projetos que buscam torná-lo mais acessível para as famílias brasileiras:

O que é cocriação?

Como o nome sugere, a cocriação é um conceito que sugere que as mães possam dividir as responsabilidades no cuidado do recém-nascido com outras pessoas. Por mais que atribulações como o aleitamento ainda sejam exclusivos da mãe, os outros indivíduos podem exercer funções que permitem que a carga mental materna seja poupada, criando uma divisão mais justa e igualitária.

As mães realizam boa parte de um trabalho invisível que sequer é considerado da forma devida pela sociedade. Afinal, são nove meses carregando um bebê na barriga, passando pelo momento do parto, amamentando por, pelo menos, seis meses e conciliando tudo isso com os autocuidados que o organismo pede e tarefas externas.

Ao fazer com que os papais ou membros de uma rede de apoio, ao menos, realizem uma boa parte das tarefas que eles podem executar, isso permite a construção de um ambiente colaborativo e que traga bem-estar e conforto à família, aumentando até mesmo o senso de confiança mútuo e fortalecendo o relacionamento.

Por que é importante implementar a cocriação nas famílias?

Muitas vezes, não percebemos como as leis e modismos antigos da nossa sociedade influenciam na tomada de decisões que afetam as vidas das famílias brasileiras. Até poucos anos atrás, os papais eram proibidos de participarem do momento do parto, por exemplo.

Além disso, até os dias atuais, a licença maternidade via CLT dura 120 dias, enquanto a licença paternidade varia de 5 a 20 dias, sendo que na legislação brasileira, a obrigatoriedade é de apenas os cinco primeiros dias.

Existe, inclusive, a Coalizão Licença Paternidade, que busca regulamentar a ampliação do período obrigatório da licença, de forma que isso não afete a remuneração das famílias no geral.

E devemos lembrar que uma parte considerável das famílias brasileiras não é composta apenas por um casal heteronormativo. Conforme o artigo 226 da Carta Constitucional, as famílias podem ser estruturadas por:

  • Casais heterossexuais;
  • Casais homoafetivos;
  • Famílias monoparentais;
  • Outras possibilidades de afeto.

Muitas famílias LGBTQIAPN+, por exemplo, possuem as mesmas responsabilidades, mas nem sempre os direitos são equivalentes. Para se ter uma ideia, se um casal homoafetivo masculino adota uma criança recém-nascida, ambos os pais teriam apenas cinco dias de licença no trabalho cada, ou, caso a empresa seja cadastrada no “Empresa Cidadã”, 20 dias, segundo a legislação brasileira.

Independente do formato familiar,  é importante criar uma rede de apoio para que as mães ou uma das partes do casal  possam usufruir da cocriação e diminuir a carga de trabalho no dia a dia.

Portanto, implementar a cocriação em casa é uma forma de começar, ao menos, a equilibrar a divisão de tarefas e tornar os meios para a execução mais possíveis e acessíveis.

Quais os benefícios da cocriação?

cocriação
Imagem: Canva

Da criança aos adultos, existe uma série de vantagens de aderir à cocriação em casa:

Vínculo familiar

Cuidar diariamente do recém-nascido é uma experiência que muda a sua vida. E quando ela é feita ao lado da pessoa que você escolheu passar os próximos anos dela, tudo fica ainda melhor. Existem estudos científicos que mostram que a presença ativa de ambos os pais durante os meses iniciais do bebê resultam em menos problemas no resto da vida, incluindo menor uso de drogas, de delinquência na juventude, de evasão escolar e de gestação na adolescência.

Casal unido

Um maior tempo de convivência dos pais com seus filhos também permite que a relação do casal seja melhor e mais saudável. Existem pesquisas que comprovam que pais presentes diminuem o número de divórcios, depressão pós-parto e até mesmo casos de violência doméstica.

Desenvolvimento cognitivo

Há também vertentes que apontam que a cocriação pode influenciar positivamente no desenvolvimento infantil para perder a timidez e socializar com outras pessoas, além de ampliar a inteligência e o desempenho escolar.

Saúde masculina

Assim como as mães, os pais também passam por alterações hormonais ao sentirem o amor de seus filhos. A ocitocina, que é denominada o hormônio da felicidade, pode ficar maior em pais que cuidam de seus filhos desde o momento do nascimento. Há indícios também de que o amor pelos filhos contribui para a satisfação em outras áreas de interesse, como no trabalho, no social e até mesmo na vida sexual dos pais.

Bem-estar feminino

Por fim, mas não menos importante, a cocriação oferece benefícios a mulheres também. Afinal, uma vez que a carga de trabalho está equivalente, a mãe consegue mais tempo para descansar ou mesmo para executar tarefas que antes não conseguia fazer. O reflexo na sociedade também é vigente, uma vez que períodos iguais de licença para ambos os sexos traria uma base mais justa no mercado de trabalho.

Como implementar a cocriação na rotina familiar?

Por mais que a luta para a igualdade seja longa, pequenas atitudes podem fazer a diferença:

Converse com seu parceiro

Mostre todas as tarefas que você realiza e chegue em um consenso com seu parceiro de como ele pode ajudar. Pode ser desde uma ação mais simples como preparar refeições ou lavar um cômodo da casa até tentar sair mais cedo do trabalho durante o primeiro ano para ajudar no cuidado com o bebê.

Faça uma lista

Pegue o papel e uma caneta ou mesmo um bloco de notas e selecione tudo que você faz no dia a dia e que poderia ser otimizado. Não precisa ser tudo de uma vez, pode tentar incluir uma tarefa por semana, até que a rotina esteja adequada para que seu trabalho seja poupado.

Monte uma rede de apoio

Se mesmo na divisão de tarefas o trabalho do casal for puxado, ou caso você seja uma mãe solo, busque por uma rede de apoio que possa te auxiliar quando necessário. Podem ser parentes, amigos, vizinhos ou outras mães que passaram pelo mesmo tipo de situação. A troca de favores pode ser benéfica para se ajustar à sua rotina.

Para saber mais sobre cocriação, basta me seguir nas redes sociais! Pelo Instagram do De Mãe em Mãe (@demaeemmae_) você tem acesso a mais conteúdo, e pelo meu perfil (@gibelarmino_), você encontra informações sobre bem-estar da mãe e dicas para empoderar seu maternar.

De mãe em mãe, construiremos um novo maternar!

IMPORTANTE: O conteúdo desta página não deve substituir as orientações médicas e/ou nutricionais de profissionais da saúde habilitados. 

Referências bibliográficas:

Coalização Licença Paternidade, acesso em dezembro de 2023.

The Invisible Load of Motherhood. Psyched Mommy, acesso em dezembro de 2023.

Creating a Culture of Collaborative Family Engagement. Getting Smart, 2018.

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