Você sabe o que é refluxo em bebê? Ele acontece quando o bebê “devolve” pela boca o conteúdo que está no estômago, geralmente depois que ele acabou de mamar!
Essa é uma complicação comum nos primeiros meses de vida da criança e que tende a desaparecer conforme ela cresce e se desenvolve.
Hoje vou falar mais sobre como identificar o refluxo em bebê, como entender se é o refluxo fisiológico, aquele esperado e que desaparece naturalmente, ou quando se trata de uma doença que precisa de acompanhamento médico, além de compartilhar algumas medidas simples que ajudam a diminuir esse desconforto.
O que é refluxo em bebê?
O refluxo em bebê acontece porque o esfíncter esofágico inferior (que é o anel entre o esófago e estômago) pode ainda não estar bem formado. Por isso, esse anel pode permanecer aberto depois que a criança mama, permitindo que o que está no estômago volte e seja regurgitado.
Esse retorno do conteúdo do estômago para o esôfago e outras áreas como a boca é o que caracteriza o refluxo, sendo comum nos primeiros meses de vida e na maioria das vezes não causa sintomas graves.
Refluxo é a mesma coisa que regurgitação?
Quando o esfíncter abre fora de hora e deixa passar o conteúdo do estômago para o esôfago, ocorre o refluxo. Quando esse conteúdo chega na faringe ou na boca, algumas vezes sendo expelido, ocorre a regurgitação. Por isso, os dois episódios estão associados: a regurgitação é uma consequência do refluxo.
A regurgitação é a famosa golfada, bem conhecida das pessoas que convivem com bebês e responsável pelo paninho de boca ser um dos itens indispensáveis para o enxoval. A regurgitação é bem comum e chega a acontecer duas ou mais vezes por dia em quase metade das crianças até os dois meses, e em 1% daquelas com cerca de um ano.
A melhora espontânea está relacionada ao crescimento e desenvolvimento da criança, exatamente quando o esfíncter está melhor desenvolvido e fecha por completo, cumprindo assim sua função de impedir a passagem do conteúdo do estômago, de volta para o esôfago.
Se é comum, quando o refluxo passa a ser um problema?
Existem duas classificações para o refluxo gastroesofágico: o refluxo fisiológico e a doença do refluxo.
O bebê que regurgita, mas está ganhando peso e não apresenta outros sintomas, provavelmente apresenta apenas o refluxo gastroesofágico fisiológico. No entanto, quando outros sinais aparecem, é preciso ficar atento.
A doença do refluxo gastroesofágico caracteriza-se por apresentar sintomas incômodos ou complicações, como perda de peso ou ganho de peso insatisfatório, esofagite e problemas no trato respiratório, entre outros.
Para identificá-la, o pediatra irá observar alguns sinais como frequência de regurgitações, a duração e a quantidade do material refluído e sintomas que incluem recusa alimentar, sangramento digestivo, dificuldade respiratória, episódios de bradicardia (redução do ritmo cardíaco), anemia, irritabilidade excessiva, ganho de peso insatisfatório e choro constante.
Cabe ao pediatra diferenciar o refluxo fisiológico — ou seja, aquele sem sintomas — do caracterizado como doença do refluxo, que pode provocar complicações. Assim, ele orientará a família adequadamente e definirá um tratamento se julgar necessário.
Qual o tratamento para o refluxo em bebê?
Algumas medidas simples podem ajudar a diminuir o desconforto do refluxo em bebê. Por exemplo:
- Não balance a criança;
- Evite vestir roupas que apertem a barriga;
- Não deixe o bebê chorar por muito tempo;
- Quando a criança estiver deitada, use um travesseiro de cerca de 10 cm de altura para apoiar a cabeça dela ou faça um calço abaixo do colchão para manter a cabecinha do bebê elevada.
- Na hora de mamar, preste atenção na posição para evitar a entrada de ar pela boca da criança;
- Aumente o número de vezes da mamada e diminua a quantidade de leite em cada mamada;
- Interrompa a amamentação de tempos em tempos para deixar o bebê arrotar;
- Segure a criança na posição vertical por cerca de 30 minutos após mamar.
A melhora do refluxo fisiológico em bebês é espontânea e acontece conforme o crescimento e desenvolvimento do organismo. Já a doença do refluxo pode precisar de tratamento medicamentoso, que deve ser conduzido pelo pediatra e gastroenterologista pediátrico.
Além disso, ao identificar os sinais de refluxo em bebê acima de 6 meses de idade, é hora de procurar um médico para investigar se existe algum problema de saúde.
De mãe em mãe, construiremos um novo maternar!
Referências
Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento de Gastroenterologia. Regurgitação do lactente (Refluxo Gastroesofágico Fisiológico) e Doença do Refluxo Gastroesofágico em Pediatria. 2017. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/20031c-DocCient_-_Regurg_lactente_RGEF_e_RGE.pdf. Acesso em: agosto de 2022.
Chabra S, Peeples ES. Assessment and Management of Gastroesophageal Reflux in The Newborn. Pediatr Ann. 2020;49(2):e77-e81. doi:10.3928/19382359-20200121-02
Mayo Clinic. Infant reflux. Disponível em: https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/infant-acid-reflux/symptoms-causes/syc-20351408. Acesso em: agosto de 2022