A formação dos hábitos alimentares é um processo complexo que começa desde os primeiros anos de vida e continua a ser influenciado ao longo do desenvolvimento do indivíduo. A transmissão desses hábitos de uma geração para outra, conhecida como transmissão transgeracional, envolve uma complexa interação de fatores genéticos, epigenéticos e ambientais. Compreender como esses fatores influenciam os comportamentos alimentares é essencial para profissionais de saúde que buscam promover estilos de vida saudáveis e prevenir doenças crônicas relacionadas à alimentação.
Estudo de revisão narrativa publicado no Jornal de Pediatria, teve como objetivo explorar a relação entre o ambiente biopsicossocial e os comportamentos alimentares que influenciam a seleção e consumo de alimentos desde os primeiros estágios de vida. A pesquisa se concentrou na análise da interação entre fatores genéticos e epigenéticos e como estes moldam os hábitos alimentares, fornecendo uma visão abrangente sobre a transmissão transgeracional desses comportamentos.
Fatores biopsicossociais na formação dos hábitos alimentares
Ambiente familiar
O ambiente familiar é um dos principais determinantes dos hábitos alimentares. Desde a escolha dos alimentos até o estabelecimento de rotinas alimentares, os pais desempenham um papel fundamental na formação dos comportamentos alimentares dos filhos. Estudos mostram que a presença de refeições em família está associada a uma melhor qualidade da dieta e a menores índices de obesidade infantil. Os pais atuam como modelos, e suas preferências e atitudes em relação à alimentação são frequentemente imitadas pelos filhos
Influência genética e epigenética
A herança genética desempenha um papel importante na predisposição para certos hábitos alimentares e na preferência por determinados alimentos. No entanto, a expressão desses genes pode ser modulada por fatores epigenéticos, que são influenciados pelo ambiente e pelo comportamento alimentar. Por exemplo, a exposição precoce a certos alimentos pode alterar a expressão genética, afetando as preferências alimentares e os comportamentos relacionados à alimentação ao longo da vida.
Papel da escola e da comunidade
Além do ambiente familiar, a escola e a comunidade também têm uma influência significativa na formação dos hábitos alimentares. Programas de educação nutricional nas escolas, políticas de alimentação saudável e a disponibilidade de alimentos nutritivos são fatores que podem promover hábitos alimentares saudáveis entre as crianças. A interação com pares e a exposição a diferentes ambientes alimentares fora de casa também contribuem para a formação dos comportamentos alimentares.
Transmissão dos hábitos alimentares
A transmissão dos hábitos alimentares pode ocorrer de várias formas. Além da influência direta dos pais, a transmissão de comportamentos alimentares também pode ser mediada por fatores emocionais, sociais e educacionais. Por exemplo, crianças que crescem em ambientes onde as refeições são valorizadas e onde há um alto consumo de frutas e vegetais são mais propensas a desenvolver hábitos alimentares saudáveis.
Intervenções para melhorar os hábitos alimentares
Para profissionais de saúde, compreender os mecanismos de transmissão dos hábitos alimentares é crucial para o desenvolvimento de intervenções eficazes. Programas que envolvem toda a família, promovendo a educação nutricional e a criação de ambientes alimentares saudáveis, têm mostrado sucesso na melhoria dos comportamentos alimentares e na prevenção da obesidade infantil. Além disso, políticas públicas que incentivam a oferta de alimentos saudáveis nas escolas e comunidades podem amplificar esses efeitos positivos.
Os hábitos alimentares são moldados por uma complexa interação de fatores genéticos, epigenéticos e ambientais. A compreensão desses mecanismos é essencial para a promoção de comportamentos alimentares saudáveis desde a infância. A transmissão transgeracional dos hábitos alimentares destaca a importância do ambiente familiar e escolar na formação dos comportamentos alimentares. Para profissionais de saúde, essa compreensão pode orientar o desenvolvimento de estratégias de intervenção eficazes que promovam a saúde e o bem-estar ao longo da vida.
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Referências Bibliográficas
Fisberg, M., Gioia, N., & Maximino, P. (2024). Transgenerational transmission of eating habits. *Jornal de Pediatria*, 100(S1), S82-S87. https://doi.org/10.1016/j.jped.2023.11.007