Descubra ainda a diferença entre ela e a fenda palatina
A fissura labial, também chamada por algumas pessoas de lábio leporino, é uma condição na qual o bebê nasce com uma fenda no lábio superior. De acordo com uma estimativa feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS), uma a cada 650 crianças nasce com a deformação, sem uma causa definida.
Ela ainda costuma ser confundida com outra má-formação congênita: a fenda palatina. Por isso, hoje vou te explicar tudo a respeito das diferenças entre essas condições, como impactam na amamentação e como tratá-las:
O que é fissura labial?
Durante o período de gestação, o feto começa a desenvolver a parte correspondente ao lábio entre a quarta e a sétima semana. Nesse processo, os tecidos do corpo e as células da cabeça começam a crescer em direção à parte central da face, formando a boca.
Mas quando um bebê nasce com uma fissura labial, o tecido que deveria se unir nessa fase da gravidez não se junta por completo, resultando em uma abertura na parte superior dos lábios. Ela pode ser desde uma pequena fenda ou uma grande abertura até o nariz.
Pode ocorrer também nos dois lados do lábio ou em apenas um, geralmente nos cantos da boca. Há casos em que a fenda ocorre no centro do lábio superior, mas são situações mais raras.
O que é fenda palatina?
Já a fenda palatina ocorre, como o nome sugere, no palato. Essa região é o céu da boca, e costuma ser formado entre a sexta e a nona semana de gravidez. Assim como na fissura labial, a fenda no palato surge em situações em que os tecidos celulares não se unem o suficiente nessa fase.
Em alguns bebês, as partes da frente e de trás do palato possuem abertura. Para outros, apenas uma pequena parte no canto do céu da boca é atingida, conectando-se à gengiva ou mesmo aos lábios. Há casos em que a criança pode ter tanto a fenda palatina quanto a fissura labial ao mesmo tempo.
Quais são as causas da fissura labial e palatina?
É difícil dizer com exatidão o que causa essas condições, mas existe uma grande chance de ambas estarem relacionadas a fatores genéticos, herdados por uma das famílias. Além disso, alguns fatores ambientais também podem aumentar o risco de malformação congênita, segundo a ciência.
Como exemplo, dá para citar o uso de medicamentos anticonvulsivantes durante a gestação, a falta de nutrientes no período pré-natal (em especial, o folato), a exposição a agentes químicos e o uso de drogas, álcool e tabaco ao decorrer dos nove meses da gravidez.
Quais sintomas estão relacionados à fissura labial?
Nem sempre as fendas nos lábios e no palato são perceptíveis nos primeiros meses do bebê. E apenas o pediatra poderá diagnosticar com mais exatidão se a criança, de fato, apresenta essa condição.
Ainda assim, alguns sinais podem servir de indicativo de que o pequeno está com dificuldade para mamar. Por exemplo, pausas longas durante o aleitamento para tentar engolir o líquido, saída do leite materno ou de alimentos pelo nariz, voz anasalada e infecções de ouvido crônicas.
Como é a amamentação de um bebê com fissura labial?
Se o seu bebê apresentar dificuldades para fazer a sucção no momento do aleitamento materno, tente auxiliá-lo durante o processo. Estimule o fluxo de leite ao massagear os seios ou utilize uma bomba específica para essa função. Não tenha receio de perguntar ao seu médico como fazer esse processo de forma natural.
Bebês com fissura labial apresentam menos dificuldades para amamentar, mas podem ter uma menor absorção do leite. Por isso, pode ser necessário extrair mais leite após a mamada para garantir a estimulação necessária para que as mamas continuem produzindo o alimento.
Já para crianças com fenda palatina, a dificuldade é um pouco maior, e também pode ser indicado por um fonoaudiólogo ou profissional de nutrição o uso de uma mamadeira especial que facilite a sucção.
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Como é a alimentação de crianças com fissura labial?
Uma vez que o bebê passa a ingerir alimentos sólidos, é necessário tomar alguns cuidados na rotina durante as refeições:
· Escolha um ambiente calmo e tranquilo para que ela possa se alimentar. Escolha uma cadeira confortável para que ele possa se mexer sem se machucar.
· Faça pausas para que o seu bebê arrote, pois a sucção de ar em bebês com fendas e fissuras é maior.
· Faça sempre a alimentação com o bebê numa posição ereta, para impedir que a comida escorra pela fissura. Se precisar, segure o pequeno para que ele fique bem apoiado durante a alimentação.
· Caso o bebê não consiga engolir alimentos muito sólidos, tente amassá-los ou processá-los para tornar a prática mais facilitada. Priorize legumes e frutas com consistência mais amolecida, como cenoura, batata, maçã, banana, entre outros.
Como é o tratamento da fissura labial? E da fenda palatina?
Em ambos os casos, o tratamento indicado é a realização de um procedimento cirúrgico por volta dos 10 a 12 meses de vida. Mas as indicações podem variar dependendo da idade, necessidades e gravidade de cada caso.
Além disso, algumas crianças podem precisar realizar mais de uma cirurgia conforme envelhecem. O tratamento visa não só melhorar a autoestima por conta da aparência dos bebês, mas também auxilia na melhora do desenvolvimento de funções como respiração, fala, linguagem e audição infantil.
O acompanhamento de profissionais para cada uma das áreas afetadas pela presença das fendas e fissuras pode ser necessário, como fonoaudiólogos, dentistas e nutricionistas.
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Referências bibliográficas:
Lábio leporino tem incidência maior do que câncer infantil. Secretaria de Estado de Saúde de Goiás, 2016.
Cleft Palate. Nemours Kids Health, 2023.
Facts about Cleft Lip and Cleft Palate. CDC, 2023.
Cleft lip and palate – infant feeding. The Royal’s Children Hospital Melbourne, 2020.
Breastfeeding. CLAPA, acesso em junho de 2023.