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Relação entre dietas plant based e desfechos na gravidez

As dietas baseadas em plantas (plant based diets), que incluem o vegetarianismo e o veganismo, têm se tornado cada vez mais populares na sociedade ocidental, inclusive entre mulheres grávidas. Este aumento é parcialmente motivado por preocupações com o meio ambiente, bem-estar animal e saúde pessoal.

No entanto, as consequências dessas dietas durante a gravidez, particularmente as formas mais restritivas como o veganismo, são mal compreendidas. Há evidências de que essas dietas podem estar associadas tanto a benefícios quanto a riscos nutricionais, especialmente quando não são adequadamente planejadas.

A Coorte Nacional de Nascimentos da Dinamarca é um dos maiores estudos prospectivos desse tipo, incluindo dados de mais de 91.000 mulheres e 100.413 gestações. Este estudo analisou 66.738 gestações, onde as participantes foram categorizadas como onívoras, vegetarianas (peixe/aves ou ovo/lacto) ou veganas, com base em questionários alimentares e entrevistas conduzidas durante a gravidez.

Metodologia

Os dados dietéticos foram coletados por meio de questionários detalhados na 25ª semana de gestação, enquanto a categorização dietética foi feita na 30ª semana. Foram considerados vários desfechos gestacionais e neonatais, incluindo complicações como pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, anemia materna, peso ao nascer e idade gestacional.

As participantes foram distribuídas em quatro grupos dietéticos: onívoras (98,7%), vegetarianas (1,3%), lacto/ovo-vegetarianas (0,3%) e veganas (0,03%). O consumo de macronutrientes e micronutrientes foi analisado, levando em conta a ingestão de suplementos alimentares.

Resultados

Consumo Nutricional

O estudo encontrou que a ingestão de proteínas e micronutrientes era menor entre as participantes veganas e lacto/ovo-vegetarianas em comparação com as onívoras. No entanto, a suplementação dietética reduziu significativamente as deficiências de micronutrientes, com exceção da vitamina D, cuja ingestão permaneceu insuficiente entre as veganas.

Desfechos Gestacionais

Os desfechos gestacionais variaram conforme o tipo de dieta. Não foram observadas diferenças significativas em termos de complicações gestacionais como diabetes e cesarianas entre as onívoras e vegetarianas. Entretanto, os filhos de mães veganas apresentaram menor peso ao nascer (em média 240g a menos), maior prevalência de pré-eclâmpsia e maior tempo de gestação (cerca de 5 dias a mais).

Esses achados sugerem que a adesão a dietas veganas durante a gravidez pode estar associada a um risco maior de baixo peso ao nascer e pré-eclâmpsia. A baixa ingestão de proteínas entre as veganas foi identificada como um possível fator explicativo para o menor peso ao nascer.

Relação entre dietas plant based e desfechos na gravidez

Apesar das limitações do estudo, como o pequeno número de participantes veganas, os resultados apontam para a necessidade de uma maior atenção às dietas plant based durante a gravidez. Embora as dietas ovo/lacto-vegetarianas não tenham mostrado efeitos adversos significativos, a dieta vegana foi associada a resultados preocupantes.

Estudos adicionais são necessários para confirmar essas associações e explorar os mecanismos subjacentes. Além disso, deve-se considerar a inclusão de recomendações específicas para gestantes que seguem dietas veganas, a fim de minimizar os riscos associados ao baixo consumo de proteínas e outros nutrientes críticos.

Conclusão

Este estudo contribui para a compreensão dos impactos das dietas plant based na gravidez, destacando a necessidade de monitoramento nutricional adequado para evitar possíveis complicações. Dietas bem planejadas, com suplementação adequada, podem mitigar os riscos associados às dietas veganas durante a gestação.

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Referências

Hedegaard S, Nohr EA, Olsen SF, Halldorsson TI, Renault KM. Adherence to different forms of plant-based diets and pregnancy outcomes in the Danish National Birth Cohort: A prospective observational study. Acta Obstet Gynecol Scand. 2024;103(6):1046-1053. doi:10.1111/aogs.14778

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