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Criança obediente: é isso mesmo que queremos?

Saiba como diferenciar uma obediência de uma cooperação com seus filhos

Os pais mais saudosistas devem se lembrar da época em que fomos ensinados a ter disciplina e ser uma criança obediente com mais velhos acima de tudo, fosse em casa, na rua ou na escola. Porém, com o passar do tempo, essas regras perderam um pouco da força e, hoje, muitos adultos reclamam que seus filhos não seguem o que foi falado.

Mas será mesmo que queremos crianças mais obedientes nos dias atuais? Quero conversar hoje sobre como  existe uma diferença importante entre obrigar e cooperar, e que nem sempre a obediência é sinônimo de segurança e saúde na infância:

O que é obediência?

Ao levarmos o termos ao pé da letra, a palavra obediência nos dicionários remete a um tipo de submissão, ao ato de seguir ordens de alguém. Ou seja, os pais ficariam no papel de impor as próprias vontades e trejeitos para os filhos, que se descumprissem alguma regra, poderiam sofrer consequências.

Será que é isso mesmo que queremos para os nossos filhos? Que eles sigam a disciplina à risca, que não tenham erros e vontades próprias? É por isso que muito se discute a respeito da diferença entre obedecer e cooperar desde cedo, que são ações diferentes, mas que são significativas.

Obediência x cooperação: qual estilo seguir?

Vamos fazer um teste. Vou listar alguns comportamentos e você vai anotar se prefere a alternativa A ou a B na hora de lidar com essas situações cotidianas.

1 – Seu filho não fez a lição de casa e já está na hora de dormir, você:

A)    Grita com ele e reclama que ele não fez a lição ainda.

B)    Fala para ele que vocês tinham um acordo e estabelece expectativas.

2 – Você descobriu que seu filho quebrou uma janela ao chutar uma bola. Você imediatamente:

A)    Tira o videogame ou brinquedos dele.

B)    Ensina ele sobre a importância de dizer a verdade e ajuda ele a reparar o dano.

3 – O quarto do seu filho está bagunçado. Você:

A)    Ameaça ele a ficar uma semana sem sair com os amigos

B)    Ensina a ele a importância de um quarto limpo e conversa sobre os combinados, como cada um em casa tem um papel na família e a importância da cooperação.

Se você respondeu mais vezes a alternativa A, seu comportamento está ligado à obediência infantil, à base de regras, chantagens e desavenças. Enquanto àqueles que responderam B, buscam por uma maior cooperação e colaboração por parte dos filhos, moldando-os para ter um caráter educado e auxiliador na vida adulta.

Mas vale lembrar que não existe um caminho ideal, mesmo em termos de colaboração. As crianças, assim como nós, são seres emocionais, e é perfeitamente normal que se frustrem com alguns combinados.

O que é válido a gente tentar no dia a dia é mostrar a importância de ser honesto, perguntar os objetivos deles, demonstrar companheirismo e não forçá-los a ouvir regras ou leis rigorosas.

Quais os riscos da obediência?

criança obediente
Imagem: Canva

Além da questão comportamental, existem outros problemas que podem surgir em uma criança super obediente.

É o caso da falta de segurança. Ser incapaz de questionar os mais velhos, mesmo quando estão errados, é um problema que tem se agravado entre as crianças mais obedientes. Isso pode acabar causando uma omissão de eventuais abusos, tanto físicos quanto sexuais, por exemplo.

Além disso, crianças que seguem as regras para valer tendem a ser menos questionadoras, desbravadoras e aventureiras. Por consequência, podem se sentir mais deprimidas, ansiosas e infelizes na vida adulta, sem ter a chance de experimentar novos gostos, sensações e emoções.

Como ajudar o seu filho a ter comportamentos saudáveis?

Uma vez que você entendeu que o importante é fazer com que seu filho tenha direito às próprias escolhas, sem exagerar nas regras e obrigações, algumas dicas podem auxiliar no processo de desenvolvimento diário:

Seja o exemplo

Ao limpar a casa, lavar a louça, cuidar do pet, e outras funções da rotina, tente incluir mais as crianças nessas tarefas. Não é preciso mandar que façam, mas sim, que ajudem com o que puder. Assim, é possível estabelecer combinados para que vocês revezem da próxima vez e que ele se mostre mais proativo caso veja que algo precisa ser feito.

De olho na comunicação

A forma como falamos pode soar como uma atitude mandona ou despreocupada com as crianças. Frases como: “depois eu vejo”, “tem que ser agora”, “agora não dá” e “estou ocupado”, podem soar como falta de interesse para os pequenos, que acabam reproduzindo isso ao serem questionados. Mude a comunicação para ser mais respeitosa. Evite xingar, criticar e culpar e ofereça opções seguras e, sempre que possível, imediatas.

Menos obediência, mais cooperação

Foque em construir uma conexão com seus filhos. Tente passar mais tempo juntos, estar presente e mostrar que você se importa com eles. A partir disso, certamente irá existir uma forma de encontrar uma maneira de vocês trabalharem juntos.

Leia também: Como estabelecer combinados com as crianças?

Como falei, quando falamos de educação, não acredito que exista um único caminho que seja certo. Cada família se adapta ao que funciona melhor, e pode ser que em alguns casos, falar com mais firmeza seja necessário, afinal, nós enquanto adultos temos responsabilidade na formação desses seres. Mas como tudo na vida, equilíbrio é o caminho. 

No meu Instagram @gibelarmino_  você confere mais dicas de comportamento entre pais e filhos.

De mãe em mãe, construiremos um novo maternar!

Referências bibliográficas:

Obedience Vs. Cooperation: How to Transform Your Communication and Discipline Style. Positive Parenting Connection, 2016. 

Obedience Training Is Unfit For Children. Fee Stories, 2017.I don’t want obedient children. Happiness is here, 2014.

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