Veja quando é necessário procurar por ajuda de um pediatra
Seja para aprender a dar os primeiros passos ou para tentar se igualar à altura dos pais, toda criança já tentou andar na ponta dos pés em algum momento da vida. Porém, quando esse estilo de caminhada vira parte da rotina, será que pode ser considerado um comportamento normal?
Saiba que existe uma diferença entre a criança que brinca de andar na ponta dos pés e aquela que faz isso como parte da rotina. Por isso, hoje vou te explicar o que muda em cada caso, quando requer atenção dos pais e as eventuais consequências para o desenvolvimento infantil:
O que significa andar na ponta dos pés?
O ato de andar na ponta dos pés é comum até os três anos, segundo estudos científicos. Isso porque, quando os bebês ainda estão dentro da barriga da mamãe, eles não conseguem espaço para flexionar os músculos, e especialmente, o tendão de Aquiles.
Depois do nascimento, os meses seguintes costumam ser propícios para que ele aprenda a esticar o corpo e se alongar. O ápice chega entre os 11 e 14 meses, fase em que a criança pode começar a criar o hábito de andar com a pontinha dos pés, esticando os tendões.
Mas, além disso, não existe uma causa comprovada que leva os pequenos a andarem dessa forma. Existem algumas suposições, como, por exemplo, eles tentarem copiar os pais ou outros adultos e se sentirem mais altos a fazerem isso.
Ou então, crenças asiáticas acreditam que bebês que caminham na ponta dos pés são mais travessos e levados, e fazem isso para se rebelar. Porém, não há nada comprovado cientificamente nesse viés.
Faz mal andar com a ponta dos pés?
Na maioria das vezes, andar na ponta dos pés é apenas uma brincadeira ou trejeito da criança que está aprendendo a dar os primeiros passos. Porém, quando se torna um hábito frequente, e principalmente, após os três anos, requer atenção dos pais.
O motivo é que pode ser um indicativo de alguma doença ou condição que afeta a saúde da criança, fazendo com que ela caminhe dessa forma. Nesses casos, é importante seguir com um acompanhamento pediátrico para um diagnóstico apropriado e o tratamento em cada caso.
Qual a doença que anda na ponta do pé?
Existe mais de um problema de saúde que pode levar a criança a caminhar com a ponta do pé. Veja a seguir algumas dessas condições:
Paralisia cerebral
Você pode estranhar à primeira vista que a paralisia cause esse tipo de comportamento, mas acredite, é um dos motivos mais comuns. Isso porque existe um subtipo de paralisia cerebral chamada de espástica, capaz de afetar os pés e de ocasionar em rigidez muscular e dificuldade para apoiar a sola do pé no chão. Ela é mais recorrente em bebês que nasceram prematuramente ou que tiveram hemorragia cerebral no momento do parto.
Tendão de Aquiles curto
Outra condição que faz com que as crianças com mais de três anos andem apenas nas pontas do pé é o comprimento do tendão de Aquiles. Normalmente, ele se desenvolve depois que o bebê sai da barriga da mãe, mas em alguns casos, ele pode ser mais curto, levando à dificuldade de andar com o pé apoiado no chão.
Outros problemas de saúde e condições
Por fim, em alguns casos, a criança pode ter uma leucomalácia periventricular (danos nos nervos cerebrais que dificultam as habilidades motoras), ou atraso no desenvolvimento nos passos. Algumas crianças com transtorno do espectro autista podem também apresentar dificuldades para caminhar, embora o ato de andar na ponta dos pés não possa ser considerado um indicativo do TEA.
Veja também: O que é Transtorno do Espectro Autista e quais os sinais?
O que fazer para a criança parar de andar na ponta dos pés?
Com auxílio de um pediatra e com o diagnóstico que indique as possíveis causas que estão fazendo seu filho andar na ponta dos pés, você pode recorrer a terapias e exercícios que o auxiliem a caminhar com a sola encostando no chão. Veja alguns exemplos:
Alongar é preciso
Os alongamentos costumam ser indicados para crianças que andam apenas na ponta dos pés. Para isso, basta deitar o pequeno de costas em uma superfície firme. Depois, mantendo o joelho reto, dobre o pé para cima, em direção à articulação do tornozelo, sem que isso cause dor na criança. Retorne o pé para a posição de repouso e repita dez vezes.
Cadeira de auxílio
Se você tiver uma cadeira ou banquinho para que seu filho consiga sentar-se e, ao mesmo tempo, encostar a sola do pé no chão, isso também pode ajudar no processo. Tente fazê-lo caminhar a partir da posição sentada, encostando a sola no chão e andando aos poucos, até pegar o jeito.
Mude de terreno
Para crianças que estão acostumadas apenas a andar em locais planos, experimente fazer uma caminhada em um local mais elevado, como uma subida na rua, ou um terreno mais íngreme. Veja como ele faz para caminhar nesses casos e auxilie-o durante o processo. Subir escadas também pode ser uma alternativa.
Tratamentos médicos
Caso nenhum dos exercícios ou terapias funcione, o pediatra do seu filho pode indicar o uso de uma órtese que faz com que a criança ande no ângulo correto de 90º. Em situações mais graves, a indicação de cirurgia pode ser necessária.
Existem benefícios ao andar na ponta dos pés?
Por mais que parte da musculatura nas pernas seja trabalhada em crianças que andam na ponta dos pés, existem formas mais indicadas de alongar os tendões, como os próprios alongamentos citados e exercícios ao ar livre. Portanto, não há benefícios com comprovação científica quanto a esse ato na infância.
É claro que, por um lado, até os três de idade, é uma forma do pequeno tentar caminhar, mesmo que ainda no começo. Mas com o passar do tempo, andar na ponta dos pés não oferece outros benefícios que se tem conhecimento.
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Referências bibliográficas:
Toe walking in children (walking on tip toes). Oxford Health, acesso em setembro de 2023.
Toe Walking. Johns Hopkins Medicine, acesso em setembro de 2023.
Children Walking on Tiptoes. New Kids Center, acesso em setembro de 2023.