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Alimentos alergênicos: quais são e como introduzi-los ao bebê?

Se você já me acompanha por aqui e viu algum dos inúmeros vídeos e textos que fiz aqui no De Mãe em Mãe sobre introdução alimentar, já deve ter visto que nesse momento o leite materno ainda fornece a maioria dos nutrientes e calorias para a crianças, e que a introdução alimentar é um momento de apresentar os alimentos aos bebês, testar tolerância e alergias. 

Quando eu falo “precisamos testar se esse alimento não vai causar uma alergia ou intolerância no seu bebê”, é esperado que surjam dúvidas sobre os alimentos alergênicos por parte das mamães. Afinal, tudo é novo e ninguém quer correr o risco.

Porém, com informação e conhecimento, você vai ver que não é preciso tanta preocupação. Por isso, nesse artigo vou falar sobre os principais alimentos alergênicos, quando e como introduzi-los ao seu bebê!

O que são alimentos alergênicos 

alimentos alergênicos
Imagem: Ninetechno on Canva

Os alimentos alergênicos são aqueles que têm mais chance de causar uma reação alérgica nos bebês, e de acordo com as Sociedades Brasileira e Europeia de Pediatria, os alimentos com maior potencial alergênico são:

  • leite de vaca,
  • ovo, 
  • soja, 
  • trigo, 
  • peixes e frutos do mar e 
  • amendoim

A alergia alimentar é quando sistema imune do nosso corpo tem uma reação, e geralmente essa reação é contra a proteína desse alimento.

As reações alérgicas podem ser mediadas por IgE e não mediadas por IgE. Eu já expliquei esses conceitos quando falei sobre a alergia à proteína do leite de vaca e fiz uma tabela listando quais são os sintomas de cada uma das alergias.

Dito isso, é importante ressaltar que esses alimentos são considerados alergênicos porque são os que mais comumente causam reações alérgicas, mas não são os únicos. Qualquer alimento pode causar alergia se seu bebê tiver alguma predisposição. As chances são maiores com esses, mas existem com qualquer alimento da introdução alimentar.

É possível prevenir alergias alimentares? 

Estudos clínicos mostram que até 80% das alergias ao amendoim, ovo e leite podem ser evitadas. 

Antes de explicar como, é importante entender que as alergias alimentares podem ter causa multifatorial, sendo a hereditariedade e predisposição genética dois fatores muito importantes: crianças com histórico familiar de alergia alimentar, terão mais chances de desenvolver alergias alimentares mesmo que esses cuidados de prevenção sejam tomados. 

Então antes de começar a introdução alimentar do seu bebê, procure mapear se você mesma, o pai da criança ou algum familiar de primeiro grau possui algum tipo de alergia, isso pode te ajudar a se precaver a possíveis reações. 

Sabendo disso, a melhor maneira de prevenir alergias alimentares, de acordo com diversos estudos e que é também a recomendação da Sociedade brasileira e europeia de pediatria, é introduzir esses alimentos na alimentação do bebê desde o começo da introdução alimentar. 

Os estudos deixam claro que cada mês que você “atrasa” na introdução de alimentos alergênicos, os  riscos para as reações mais graves são aumentados quando comparamos com as crianças que tiveram o contato na fase mais propícia.  

E como fazer essa introdução de alimentos alergênicos de forma segura? Se meu filho tem histórico familiar de alergia alimentar eu devo evitar introduzi-los?

Como introduzir alimentos alergênicos para o bebê

alergia alimentar
Imagem: veSuarez on Canva

Com anos de estudos e pesquisas, aprendemos muita coisa que nos permite atualmente, fazer uma introdução alimentar mais saudável e segura.

De acordo com a recomendação das sociedades de pediatria, do guia alimentar para a população brasileira e estudos clínicos sobre alergia alimentar, sabemos que a introdução desses alimentos deve ser realizada o quanto antes. 

Mesmo que seu filho tenha histórico familiar de alergia alimentar, os alimentos alergênicos devem ser introduzidos. Nesse caso, você só vai ter um pouco mais de atenção nos sinais, mas evitar não é uma boa ideia! 

Quando e como fazer isso? Um de cada vez, dando um tempo entre um alimento alergênico e outro para observar sinais. 

Tudo na nossa vida aprendemos em etapas. Um bebê nasce sem nenhum controle muscular, depois ele aprende a segurar a cabeça, aprende a sentar, engatinha, aprende a ficar de pé e, por fim, aprende a andar. O mesmo acontece com T-O-D-O-S os outros processos no corpo. A gente não sai do 0 para o 100, tudo é um aprendizado. 

Então até os 6 meses o seu bebê só tem contato com leite materno, no dia 0 da introdução alimentar você vai oferecer um alimento com maior risco do sistema imune dele estranhar, talvez não seja boa ideia. 

Eu já expliquei como fazer uma introdução alimentar gradual no sexto mês, introduzindo sim todos os alimentos necessários, mas em um ritmo que respeite a fisiologia e dê tempo para o corpinho do bebê aprender a reconhecer todas essas novidades que ele está recebendo. 

O que NÃO devo fazer?

Apesar de os estudos dizerem que os alimentos devem ser introduzidos o quanto antes, isso NÃO SIGNIFICA introduzi-los antes dos 6 meses. 

Antes dos 6 meses de idade o intestino do bebê ainda não tem enzimas suficientes para lidar com outros tipos de alimentos além do leite, e oferecer esses alimentos antes dessa idade, pode causar o efeito contrário e AUMENTAR O RISCO de alergia ao invés de prevenir. 

Por isso, respeitar a idade de 6 meses completos e observar todos os sinais de prontidão são pontos essenciais para o sucesso da introdução alimentar e da prevenção de alergias alimentares. 

E se o meu bebe for alérgico?

Quando você tem um bebê com alergia alimentar, a introdução precisa de mais atenção. Não precisa mudar muita coisa, mas precisa ser mais cautelosa.

Não é necessário reduzir a variedade de alimentos que ele vai ingerir. Vai depender do tipo de alergia que o bebê tem.

Se for mediada por IgE, o sintoma vai aparecer na hora. Assim, a criança pode ingerir alimentos diferentes em cada dia. Se for alergia não mediada, precisa repetir o alimento por 3 dias mais ou menos para ver se tem reação.

Por isso eu digo que sempre que vamos introduzir um novo alimento na rotina do bebê, todos os outros precisam ser alimentos que ele já tinha testado e apresentado tolerância. Assim sabemos que, se surgiu um sintoma, foi após a introdução do novo alimento. 

Se houver alguma resposta alérgica a determinado alimento, o mesmo deverá ser suspenso e a criança deverá ser avaliada por um profissional capacitado, e com isso será avaliado a possibilidade de reintrodução ou não, a fim de evitarmos complicações futuras mais sérias.

Pode introduzir sem medo

Como você viu, hoje temos estudos e informações que nos oferecem confiança e segurança para oferecer os alimentos alergênicos aos bebês. 

A introdução alimentar é uma fase de aprendizado. Não deixe de oferecer e ensinar sobre os alimentos por medo de alergia.  

Se possível, busque um nutricionista materno-infantil para te acompanhar durante a introdução alimentar. Desta forma terá o apoio profissional para que todo o processo transcorra da forma mais natural e sadia possível, garantindo o máximo de segurança ao bebê.

De mãe em mãe, construiremos um novo maternar. 

Referências

Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científico de Nutrologia. Manual de Alimentação: orientações para alimentação do lactente ao adolescente, na escola, na gestante, na prevenção de doenças e segurança alimentar. 2018.

Fewtrell M, Bronsky J, Campoy C, et al. Complementary Feeding: A Position Paper by the European Society for Paediatric Gastroenterology, Hepatology, and Nutrition (ESPGHAN) Committee on Nutrition. J Pediatr Gastroenterol Nutr. 2017;64(1):119-132. doi:10.1097/MPG.0000000000001454

Natsume O, Kabashima S, Nakazato J, et al. Two-step egg introduction for prevention of egg allergy in high-risk infants with eczema (PETIT): a randomised, double-blind, placebo-controlled trial. Lancet. 2017;389(10066):276-286. doi:10.1016/S0140-6736(16)31418-0

Du Toit G, Roberts G, Sayre PH, et al. Randomized trial of peanut consumption in infants at risk for peanut allergy [published correction appears in N Engl J Med. 2016 Jul 28;375(4):398]. N Engl J Med. 2015;372(9):803-813. doi:10.1056/NEJMoa1414850

Peter Capucilli, MD, et al. Age Differences in Food Reaction Severity During Oral Food Challenges in a Large Pediatric Population. The Journal of Allergy and Clinical Immunology. 2020;145(2). doi:10.1016/j.jaci.2019.12.161

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