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Crianças com alergia ao trigo: microbioma intestinal

Alergias alimentares representam um risco significativo à saúde, podendo causar reações anafiláticas graves, aumento da morbidade e redução da qualidade de vida. A alergia ao trigo é uma preocupação comum na Ásia, e há um interesse crescente em entender a possível associação entre a disfunção do microbioma intestinal e o desenvolvimento de alergias alimentares. Este estudo, conduzido por Kanchongkittiphon et al., teve como objetivo explorar o microbioma intestinal de crianças tailandesas com alergia ao trigo e sua potencial associação com respostas alérgicas.

Projeto do estudo e participantes

Este estudo transversal recrutou participantes entre 1 e 18 anos de idade de uma clínica pediátrica ambulatorial no Hospital Ramathibodi, Bangkok, Tailândia. Os critérios de inclusão para alergia ao trigo incluíam teste cutâneo positivo para alérgeno de trigo ou nível de IgE específico para trigo ≥ 0,35 kU/L e desafio alimentar oral positivo ou histórico de anafilaxia induzida por trigo. O grupo controle era composto por participantes sem alergias alimentares conhecidas. 

Coleta e análise de amostras

A coleta de amostras de fezes foi realizada utilizando kits de coleta de ácido nucleico. O DNA foi extraído e sequenciado utilizando o gene 16S rDNA. A análise do microbioma foi realizada com o software QIIME2, e a predição funcional das comunidades microbianas foi feita usando o PICRUSt2. A diversidade alfa e beta foi calculada, e a abundância diferencial dos táxons entre os grupos foi determinada.

Caracterização dos participantes

Sessenta crianças participaram do estudo, sendo 30 com alergia ao trigo confirmada e 30 no grupo controle. Análises demográficas e clínicas revelaram diferenças significativas na composição do microbioma intestinal entre os dois grupos.

Análise do microbioma intestinal

A análise revelou diferenças significativas nos níveis de alguns filos e gêneros bacterianos. Crianças com alergia ao trigo apresentaram maior abundância de Firmicutes e Verrucomicrobia, enquanto Megamonas, Romboutsia, Fusobacterium, Clostridium senso stricto1, e Turicibacter eram mais abundantes nas crianças saudáveis. Outros microrganismos, como Anaerostripes, Erysipelatoclostridium, Prevotella 2, Ruminiclostridium 5 e Clostridium innocuum, estavam enriquecidos nas crianças com alergia ao trigo.

Predição funcional

A predição funcional indicou disparidades nas vias relacionadas à biossíntese de arginina e poliamina, sugerindo que estas diferenças podem ter implicações na severidade dos sintomas alérgicos.

Os achados deste estudo fornecem insights valiosos sobre o microbioma intestinal de crianças com alergia ao trigo e seu impacto potencial na severidade dos sintomas. A disbiose observada pode influenciar a função da barreira intestinal e modular as funções imunológicas da mucosa, destacando a importância de investigações detalhadas sobre o papel do microbioma intestinal na patogênese das alergias alimentares.

Este estudo revelou diferenças significativas na composição e função do microbioma intestinal de crianças com alergia ao trigo em comparação com crianças saudáveis. Estes achados abrem caminho para futuras pesquisas e intervenções terapêuticas voltadas para a modulação do microbioma intestinal como estratégia para mitigar os sintomas da alergia ao trigo.

Leia também: Transmissão transgeracional dos hábitos alimentares

Referência

1. Kanchongkittiphon, W., Nopnipa, S., Mathuranyanon, R., Nonthabenjawan, N., Sritournok, S., Manuyakorn, W., Wanapaisan, P. (2023). Characterization of gut microbiome profile in children with confirmed wheat allergy. Asian Pac J Allergy Immunol, 00(0), 000-000.

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