De Mãe em Mãe

O que é ômega-3 e por que ele é tão importante na gravidez?

Conheça o suplemento indicado para proteger a saúde da mãe e do bebê

Ao longo dos nove meses de gestação, é comum ouvirmos que a gestante vai precisar de suplementos e vitaminas para que o bebê nasça com a saúde em dia. Um deles, em específico, é cercado por dúvidas sobre como encontrá-lo na alimentação e seus benefícios: o ômega-3.

Esse nutriente é um tipo de gordura extremamente importante para o sistema imunológico e proteção do cérebro. Mas em mulheres grávidas, ele pode desempenhar ainda mais funções essenciais, tanto para a saúde do bebê quanto das futuras mamães.

Hoje vou te ensinar tudo a respeito da relação entre o ômega-3 e a saúde maternal. Confira:

O que é o ômega-3

O ômega-3 é um tipo de gordura que chamamos de gordura poli-insaturadas. As gorduras poli-insaturadas ômega-3 são famosas por sua função anti-inflamatória, mas também atuam fortalecendo o sistema imunológico, participam do processo de fabricação de hormônios, e tem importante papel na prevenção de doenças cardíacas, porque ajudam a reduzir os níveis de triglicérides no sangue e auxiliam na redução dos níveis de colesterol ruim.

Porém, diferente de algumas vitaminas e minerais, o ômega-3 não é fabricado pelo nosso organismo, e por isso, só podem ser obtidas de duas formas: ou por meio da alimentação  ou por meio da suplementação.

Por que ele é importante na gravidez?

ômega-3
Imagem: Canva


Para as mulheres que já estão passando pelo período gestacional ou para as que pretendem engravidar, um dos cuidados mais importantes é cuidar da alimentação. E nesse contexto, o ômega-3 é um dos nutrientes essenciais, pois, além da função anti-inflamatória e protetora do coração, ajuda na formação do bebê, ao mesmo tempo que protege a saúde da gestante.

Confira abaixo os 3 principais benefícios do ômega-3 na gestação:

1- Diminui o risco de parto prematuro e ajuda no desenvolvimento do bebê

Um estudo mostrou que o aumento da ingestão de ômega-3 e, principalmente, de DHA (ácido docosahexaenóico, forma “ativa” do ômega-3) durante a gravidez, seja através de suplementos ou alimentos, pode reduzir a incidência de parto prematuro. 

Além disso, o consumo de ômega-3 pela mãe durante a gestação está associado ao aumento de peso, comprimento e circunferência da cabeça do recém-nascido.

2- Participa da formação neurológica do bebê 

Além do crescimento e peso, o ômega-3 é um nutriente essencial na fabricação das células do sistema nervoso do bebê e os estudos já mostram a importância que essa suplementação, ainda na gestação, tem durante a vida do bebê, pois promove aumento da acuidade visual, da coordenação mão-olhos, melhor atenção, resolução de problemas e processamento de informações da criança.

3- Previne infecções respiratórias

Um consenso sobre a importância da suplementação de ômega-3 na gravidez apresenta resultados de estudos que apontam que a ingestão materna desse nutriente diminui a ocorrência de infecções das vias aéreas superiores no primeiro mês de vida. 

Por isso, muitos médicos recomendam até mesmo tomar suplementos de ácidos graxos antes da concepção, por cerca de seis meses. Essa conduta faz parte dos cuidados nos primeiros 1100 dias do bebê. Durante a gestação , é necessário manter os níveis do ômega-3 ao longo dos trimestres, pois a tendência natural do organismo é que os níveis de ácidos graxos diminuam na mãe e passem para o bebê. 

Isso acaba acontecendo em especial no terceiro trimestre, onde o feto passa a ter um maior desenvolvimento cerebral. Se a quantidade de ácidos graxos não for equilibrada, a mãe pode se sentir mais esgotada e corre alguns riscos de saúde, como depressão pós-parto e pré-eclâmpsia.

Por que ele é importante no pós-parto?

Além da formação do feto, os ácido graxos consumidos no período gestacional serão importantes para o bebê depois de ter nascido. Por exemplo, eles atuam na formação do comportamento, da atenção, do foco e do aprendizado das crianças. 

Manter os níveis adequados de ômega-3 ainda durante a gravidez também está relacionado a um risco reduzido de alergias em bebês e a uma influência positiva no desenvolvimento imunológico.

Pesquisas apontam que níveis mais baixos de ômega-3 no cérebro estão associados a déficits cognitivos e aumento de indicadores comportamentais de ansiedade, agressão e depressão em crianças.  

E para as mulheres que deram à luz em menos de um ano, ainda assim é recomendado manter suplementos e fontes alimentares ricas em ômega-3. O motivo é que os níveis podem estar abaixo do padrão necessário devido ao parto, além do nutriente ser repassado por meio da amamentação para os recém-nascidos, então a necessidade da mãe nesse período é maior.

Como obter fontes de ômega-3?

Imagem: Canva

Lembra que eu falei lá no começo que o ômega-3 é uma gordura? Então, ele está presente em alimentos que possuem certa quantidade deste nutriente. 

O ômega-3 é encontrado naturalmente em óleos vegetais como óleo de linhaça, óleo de chia e nozes. Este ômega-3 encontrado nesses alimentos precisa ser transformado, dentro do nosso corpo, em sua forma “ativa”, que é o DHA. Mas, infelizmente, esta conversão é muito baixa. Por isso, consumir diretamente a sua forma ativa, principalmente na gestação, é o ideal. 

A principal fonte alimentar do DHA são os peixes, principalmente os peixes que vivem em águas frias e profundas. 

Acontece que, no Brasil, de forma geral, a maioria das gestantes (e não gestantes também, vamos combinar) não ingere pescados ricos em ômega 3 regularmente. Além disso, a quantidade de DHA presente em cada espécie de peixe pode variar bastante.

Por exemplo, 300g de sardinha por semana seria suficiente para manter os níveis aceitáveis de ômega-3 nesse período, mas a pescada branca e o cação, que são peixes mais consumidos pelo menos aqui no sudeste, possuem quantidade muito baixa de ômega-3. 

Mas e o salmão, Gi? Bom, o salmão selvagem é, realmente, uma espécie de peixe rica em ômega-3, mas não é facilmente encontrado aqui no Brasil. Os salmões que consumimos normalmente são de fazendas de criação e dependem da oferta de rações fortificadas com ômega-3 desses lugares. Eu não sei vocês, mas eu NUNCA fui atrás de saber de qual fazenda vem o salmão e se essa fazenda suplementa a ração do bichinho rs 

Além de tudo isso, supondo que você tenha um consumo satisfatório de peixe, nos esbarramos em outro problema: peixes de águas muito profundas como marfim azul, atum e cavala devem ser evitados na gravidez, devido ao risco de intoxicação por metais pesados, principalmente o mercúrio. 

Imagem: Canva

OU SEJA: por segurança a Associação Brasileira de Nutrologia publicou um consenso orientando que independente da alimentação, toda gestante deve receber suplemento diário de DHA, preferencialmente obtido através de algas (para evitar o risco de contaminação por metais pesados). A dose indicada é de 200 mg por dia. 

Aqui é importante salientar que a suplementação deve ser prescrita e supervisionada pelo obstetra e nutricionista da gestante. 

Depois da gestação, a suplementação deve continuar durante todo o período de aleitamento materno exclusivo, porque essa será a única fonte de ômega-3 do bebê. Após o desmame, as crianças devem ter garantida a ingestão alimentar adequada e suficiente de ômega-3, que pode vir de peixes e/ou das fontes vegetais também.  

Ficou com mais alguma dúvida sobre o ômega-3? No meu Instagram @gibelarmino_  você confere mais dicas de nutrientes importantes na gestação.

De mãe em mãe, construiremos um novo maternar!

Referências bibliográficas:

Hana T. et al. Omega-3 Fatty Acid Intake during Pregnancy and Child Neuropsychological Development: A Multi-Centre Population-Based Birth Cohort Study in Spain. Nutrients, 2022.

Middleton P. et al. Omega-3 fatty acid addition during pregnancy (Review). Cochrane Library, 2022.

Are Omega-3 Supplements Good for My Baby? APA, acesso em outubro de 2022.

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