Entenda a diferença entre os principais tipos de recusa de alimentos
Os meses em que se inicia a introdução alimentar costumam ser um período de descobertas e novidades, tanto para os pais quanto para os bebês. Mas depois de experimentar de tudo um pouco, os pequenos podem apresentar um novo problema que muitos adultos não sabem como lidar: a seletividade alimentar.
Afinal de contas, por que eles preferem determinados alimentos? E o que faz eles rejeitarem os outros? Por mais que a ciência tenha muito ainda a estudar sobre esse tema, algumas respostas podem nos ajudar a entender o que está por trás dos gostos e preferências.
Por isso, separei as principais respostas sobre seletividade alimentar e selecionei as dicas que podem te ajudar caso seu filho a apresente:
O que é seletividade alimentar?
A seletividade alimentar, ou exigência alimentar, é um comportamento que pode atingir uma a cada quatro crianças até os dois anos de idade, segundo estudos científicos. Ela pode ser definida como a recusa em comer alimentos diferentes do que estão presentes na rotina.
A maioria dos médicos considera a seletividade como parte natural do desenvolvimento das crianças. Porém, é preciso ter cuidado para que ela não se transforme em um Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo (TARE), que nesse caso, pode perdurar até a vida adulta e causar até mesmo problemas de saúde, como carências nutricionais.
Eu preparei um vídeo que pode te ajudar a entender mais a respeito da seletividade alimentar, além dos diferentes tipos de acordo com a idade:
Quais são os tipos de seletividade alimentar?
Existem diferentes tipos de recusa de alimentos, porém, os três principais costumam incluir:
Seletividade esperada pela idade
Nesses casos, o bebê entre um a três anos começa a recusar alimentos porque a percepção do ambiente ao redor dele amplia, o que faz com que ele desenvolva a autonomia e o poder de escolha do que quer comer.
Seletividade por falta de variedade
Esse tipo de seletividade ocorre quando os pais não variam os alimentos na introdução alimentar, dando apenas sopas e papinhas por muito tempo, ou apenas um tipo de alimento constantemente. Isso faz com que o paladar do bebê não se desenvolva e encontre dificuldades ao provar algo novo.
Seletividade por consequência de outra condição
Considerada uma seletividade mais grave, consiste em crianças que optam apenas a um tipo de alimento restrito por conta de alguma característica, como apenas alimentos amarelos, ou apenas alimentos crocantes, por exemplo. Pode ser associada a outras condições ou síndromes, como autismo e a síndrome de Asperger. Nesses casos, é importante seguir com indicações médicas e nutricionais para ajudar no desenvolvimento do paladar infantil.
O que causa a seletividade alimentar?
Existem diferentes fatores por trás de uma possível seletividade alimentar. Em primeiro lugar, as crianças não gostam de mudanças na rotina em que estão confortáveis. Ao experimentarem novos sabores, podem acabar querendo voltar ao que estavam acostumadas a consumir, seja por conta do gosto, da textura, da aparência, do cheiro, entre outros.
Além disso, muitos bebês podem se sentir pressionados a gostar de algum alimento por conta do incentivo dos pais, o que pode contribuir com a recusa. Há também a questão do próprio organismo não estar completamente adaptado, uma vez que as papilas gustativas das crianças precisam consumir de dez a quinze vezes determinados alimentos até que se acostumem com o gosto.
Por fim, não dá para se esquecer de que existem os fatores emocionais. Situações que geram estresse, ansiedade e mal-estar ligadas a determinados alimentos, ou ainda, condições genéticas que podem fazer a recusa ser mais comum na rotina dos pequenos.
Como saber se meu filho tem seletividade alimentar?
Cheque se seu bebê apresenta alguns desses comportamentos ao se deparar com determinados tipos de alimentos:
· Aversão a um ou mais alimentos de um determinado grupo, como legumes, verduras, frutas ou leguminosas
· Não querer experimentar alimentos de forma alguma
· Seguir padrões alimentares repetitivos na rotina
· Sentir angústia, náusea ou até vomitar na presença de algum alimento
· Crises de choro ou medo ao se deparar com determinados alimentos
· Convívio social prejudicado perante a escolha alimentar (timidez à mesa, travar na hora de falar enquanto a família janta, olhar vago nas refeições, etc.)
Quais os riscos que a seletividade alimentar pode trazer?
Apesar de a seletividade alimentar ser um processo natural para algumas crianças, ela pode perdurar até a vida adulta para outras. E com isso, podem surgir problemas relacionados à essa recusa:
Dificuldade de convívio social
Pessoas com seletividade alimentar podem ter mais dificuldades para socializar com os outros, seja por vergonha de mostrar que não comem determinados alimentos ou por se comportarem mal na mesa ao não quererem provar algum prato. Isso pode gerar ainda transtornos como ansiedade e depressão.
Carência nutricional
Outro problema recorrente é a falta de vitaminas e minerais específicos para pessoas que consomem apenas um tipo de alimento. Ao negligenciar frutas e verduras, por exemplo, o corpo não absorve as quantidades necessárias de vitaminas A, C e K, entre outras. Recusar peixe ou leite pode influenciar na quantidade de cálcio e vitamina D. Já quem recusa carne e verduras escuras pode necessitar de ferro.
Como lidar com a seletividade alimentar?
Siga 4 essas dicas para que suas refeições em família se tornem mais fáceis no dia a dia:
1- Menos pressão, mais opção
Ao invés de dizer frases como “você vai deixar a mamãe feliz se comer tudo”, “seu amiguinho/irmão comeu tudo, você consegue”, ou “só mais uma mordidinha”, experimente frases que geram menos pressão à criança. Tente essas: “você pode comer quando estiver pronto”, ou “não precisa comer agora se não quiser, não tem problema”, e tente mais vezes ao decorrer das semanas, espaçando o tempo ou preparando os alimentos de diferentes formas.
2- Crie um ambiente acolhedor
Sente-se com toda a família para as refeições, sempre que possível. Converse, conte como foi seu dia e ouça o que todos têm a dizer. Evite distrações como televisão, tablet ou celular à mesa. Uma vez que esse tipo de ambiente esteja propício, menores são as chances de a criança desenvolver a seletividade alimentar.
3- Um pouco de bagunça não faz mal
Experimente usar cortadores com formato de bichinhos ou de formas geométricas para os legumes e frutas. Ou faça desenhos com os alimentos no prato. Vale a pena também criar nomes divertidos para os pratos. Servir esses alimentos de maneira lúdica pode fazer com que a criança se interesse pelo prato. Porém, tome cuidado com os limites: jogar comida fora do prato ou em outras pessoas não é legal.
4- Não ofereça recompensas
Evite fazer com que a criança só coma os alimentos porque sabe que vai poder ganhar sobremesa ou vai ao parque, por exemplo. Transformar a alimentação como uma moeda de troca faz com que os pequenos sintam mais aversão do que satisfação pelo que comem.
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IMPORTANTE: O conteúdo desta página não deve substituir as orientações médicas e/ou nutricionais de profissionais da saúde habilitados.
Referências bibliográficas:
What makes a picky eater, and how parents can help? UCDavis Health, 2020.
Solve Picky Eating: 11 Expert Tips for Parents of Picky Eaters. Kids Eats in Color, 2021.
Study gives insight — and advice — on picky eating in children. Harvard Health Publishing, 2020.
What is Avoidant/Restrictive Food Intake Disorder? Beat Eating Disorders, acesso em dezembro de 2023.