Ser mãe é um turbilhão de emoções. Uma coisa que acontece com muita frequência é nos tornarmos uma “leoa”, que protege seus filhotes a qualquer custo. É natural que isso ocorra, não queremos que nada de ruim aconteça com nossos filhos. Mas precisamos ter cuidado para não tornar esse cuidado excessivo, porque raramente compreendemos as consequências que a superproteção pode ter na vida dos nossos filhos.
Por esse motivo, hoje vou compartilhar algumas formas de identificar quando estamos sendo superprotetores e quais as consequências que esse comportamento pode causar no desenvolvimento social e emocional das crianças. Veja abaixo:
Consequências da superproteção
Atraso no desenvolvimento
Algumas atitudes, aparentemente inofensivas, prejudicam sem percebermos. Por exemplo, ao levar a criança ao banheiro antes da criança sinalizar que está com vontade pode fazer com que ela encontre dificuldades de identificar suas próprias necessidades fisiológicas. Outra questão é quando fazemos para os filhos as tarefas que eles já têm a capacidade de fazerem sozinhos (comer, tomar banho, se vestir).
Quando isso acontece, acabamos impedindo que eles treinem algumas habilidades, desfavorecendo o desenvolvimento da maturidade e da independência. Quando tentamos auxiliar, antecipando o que vai acontecer, tiramos a possibilidade de a criança aprender com os próprios erros e consequentemente dificultamos a aprendizagem, que vem da percepção das consequências positivas e negativas das próprias ações, além de contrair a capacidade criativa.
É certo que os pais não querem que os filhos sofram. Porém, facilidade nem sempre é o caminho para tudo. Se não deixarmos que as crianças enfrentem alguns desafios agora, como farão com os desafios que vão se impor no futuro? Se eles não precisarem lutar pelo que querem, como vão se sentir vitoriosos diante de uma conquista, corajosos e confiantes para seguir adiante, desbravando o mundo?
“Qualquer ajuda desnecessária é um obstáculo para a aprendizagem”
Maria Montessori
Dependência emocional
Quando não permitimos que os filhos ajudem nas atividades domésticas, podemos diminuir sua autoestima, sem perceber. Muitas crianças até pedem para ajudar os familiares e se sentem capazes e felizes por fazer parte, por colaborar.Basta encontrar funções que se ajustem à capacidade deles, de acordo com a idade, para desenvolvermos seu senso de responsabilidade ao invés de uma dependência. Veja no infográfico abaixo algumas sugestões para cada fase:
Além disso, os pais têm tendência de cercar as crianças de proteção com medo de que se machuquem brincando, mas com essa atitude, acabamos impedindo que corram riscos, interferindo no desenvolvimento da capacidade de tomar decisões e de saber o que é melhor para eles.
Quando há superproteção, ao invés de procurar as próprias respostas, eles crescem dependendo dos outros, esperando que os seus problemas sejam resolvidos por terceiros, sem acreditar que são capazes de resolver por si mesmos as questões. Muitos acabam tendo dificuldades em comunicar-se, expressar suas opiniões e ter iniciativa.
Nós somos adultos e sabemos que algumas coisas podem ser mais perigosas e é nosso papel como cuidadores tomar certos cuidados, mas aqui precisamos aplicar a regra do bom senso e entender quando estamos sendo e quando estamos sendo superprotetores.
“Antes um joelho ralado do que uma infância perdida”
Dificuldade de lidar com frustrações
Ao superproteger, criamos os filhos em uma “bolha”, apresentando a eles uma visão distorcida da realidade. Crianças que estão acostumadas a receber tudo o que querem e pedem acabam tendo dificuldades de compreender que, na vida, muitas coisas estão além do nosso controle e que muitas conquistas exigem esforço e dedicação. O fato é que acabamos tentando evitar frustrações no agora, deixando que eles tenham frustrações no futuro, sem terem desenvolvido uma maturidade emocional para lidar com elas.
Além disso, ao crescerem achando que a função das pessoas ao redor é a de fazerem suas vontades, acabam culpando os outros pelos próprios problemas. Com isso, torna-se difícil que eles percebam seus erros e procurem fazer algo para melhorarem.
A mensagem que eu quero deixar é que precisamos deixar nossos filhos aprenderem com suas próprias experiências para conseguirem lidar com os desafios deste nosso mundo. Assim, poderemos ajudá-los a serem pessoas confiantes e mais felizes e satisfeitas consigo.
De mãe em mãe, construiremos um novo maternar.
Referência
Augusto Cury. Escola da inteligência – educação socioemocional. Disponível em: https://escoladainteligencia.com.br/blog/entenda-os-riscos-do-excesso-de-protecao-aos-filhos/. Acesso em: 24/04/2021