Você quer saber quando começar a dar água para o bebê? Tem dúvidas com relação à quantidade e a forma ideal de oferecer água aos pequenos?
À primeira vista, estas parecem ser dúvidas pequenas, mas, na verdade, podem atormentar muitos pais e mães de primeira viagem. Como já se sabe, esse é um líquido 100% natural e essencial para o bom funcionamento do organismo. Portanto, a preocupação com a hidratação de um filho é algo habitual, ainda mais quando eles são bebês.
Neste texto, vou esclarecer as principais dúvidas sobre quando, como e quanto devemos oferecer de água para o bebê.
Quando posso oferecer água para o bebê?
A orientação geral, defendida tanto pela Organização Mundial da Saúde (OMS) quanto pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) é que os bebês só tomem água a partir dos seis meses de vida.
Em alguns casos, pode ser que a introdução se inicie um pouco antes dessa idade por conta de necessidades específicas da criança, mas deve sempre ser feita com o aval do pediatra que avaliará os riscos e benefícios. O leite já supre as necessidades hídricas do bebê. Mas depois dos seis meses, com a introdução da comida, haverá uma sobrecarga maior de proteínas e sais minerais, e o rim precisará de mais água para trabalhar – assim como o intestino, para evitar constipação.
De acordo com o Ministério da Saúde a suplementação da amamentação com água ou chás nos primeiros seis meses não é indicada, mesmo em locais secos e quentes. Mesmo ingerindo pouco colostro – primeiro líquido que sai das mamas – nos primeiros dois a três dias de vida, recém-nascidos normais não necessitam de líquidos adicionais, pois nascem com níveis de hidratação tecidual relativamente altos.
Por que não devo oferecer água para o bebê antes dos 6 meses?
Primeiro porque o leite materno possui a quantidade ideal de água e de outros nutrientes e vitaminas essenciais para o desenvolvimento adequado do bebê nessa faixa etária. Além disso, não somente a água, mas chás e principalmente outros leites devem ser evitados, pois há evidências de que o seu uso está associado com desmame precoce e aumento da morbimortalidade infantil.
O sistema gastrointestinal do bebê com essa idade ainda não desenvolveu todos os anticorpos e bactérias necessários para digestão de outros alimentos que não sejam o leite materno.
Como iniciar a introdução de água para o bebê após os 6 meses?
Após os seis meses, a introdução de alimentos deve ser feita de forma lenta, gradual e complementar à amamentação, a qual deve seguir até que a criança complete dois anos ou mais.
Uma das estratégias mais valiosas neste período de introdução é deixar que o pequeno tome água à vontade, mesmo que continue mamando no peito. Deixe à disposição dele e vá oferecendo o dia todo, e não só após a alimentação complementar.
O estímulo também pode vir acompanhado de elementos lúdicos. Vale apostar em copos diferentes – dos personagens preferidos, por exemplo -, propor brincadeiras, e buscar tomar água na frente da criança, para que veja que é gostoso e aprenda pelo exemplo.
Atenção: apesar da palavrinha “água” estar presente no nome da água de coco, é preciso entender que ela entra na categoria dos sucos. Portanto, a água não deve ser substituída pela água de coco. A água de coco natural pode aparecer esporadicamente no cardápio do bebê, mas nunca em substituição à água.
Outro cuidado importante é sempre oferecer água filtrada ou fervida. O intestino do bebê ainda é muito imaturo e está sujeito à infecções por bactérias presentes em água sem o tratamento correto.
E qual a quantidade recomendada de água para o bebê?
O cálculo varia de acordo com o peso do seu filho, conforme mostro na tabela abaixo:
Peso | Quantidade de água |
Até 10 kg | 100 ml / kg / dia |
10 – 20 kg | 1000 mL + 50 mL/kg acima de 10 kg/dia |
> 20 kg | 1500 mL + 20 mL/kg acima de 20 kg/dia |
A quantidade de água para o bebê por dia gira em torno de 700 ml, mas no início, quando o bebê está começando a entrar em contato com a bebida, nem sempre conseguimos fazer com que tome tudo isso.
“E se ele beber mais do que essa quantidade?”, você pode estar se perguntando. Não tem problema ultrapassar um pouquinho a dose diária, porque o rim da criança irá trabalhar para eliminar o excesso. Mas pela experiência com as famílias, é mais comum que o bebê não aceite a quantidade esperada do que tomar líquido a mais – pelo menos neste comecinho.
De mãe em mãe, construiremos um novo maternar!
Referências
Ministério da Saúde – “Saúde da criança: Nutrição infantil, aleitamento materno e alimentação complementar”, 2015.
Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento Científico de Nutrologia. “Manual de alimentação da infância à adolescência”. 2018.
Ministério da Saúde. Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos. 2019.
Effect of breastfeeding on infant and child mortality due to infectious diseases in less developed countries: a pooled analysis. WHO Collaborative Study Team on the Role of Breastfeeding on the Prevention of Infant Mortality [published correction appears in Lancet 2000 Mar 25;355(9209):1104]. Lancet. 2000;355(9202):451-455.
Ashraf RN, Jalil F, Aperia A, Lindblad BS. Additional water is not needed for healthy breast-fed babies in a hot climate. Acta Paediatr. 1993;82(12):1007-1011. doi:10.1111/j.1651-2227.1993.tb12799.x