Sensação de culpa materna pode acometer as mães com excesso de responsabilidade
A chegada do bebê é um motivo para celebrar e dar novos ares ao ambiente familiar. Porém, uma das frases mais clichês da maternidade é também uma das mais reais: “Quando nasce uma mãe, nasce uma culpa”. É impressionante como a gente se sente culpada diversas vezes por “n” motivos.
Ao longo do meu maternar entendi que não é preciso ficar uma pilha de nervos a ponto de se auto prejudicar por conta de ações e atitudes que virão do seu bebê. Foi um processo que envolveu autoconhecimento e autocuidado, mas vou tentar trazer aqui alguns pontos para te mostrar como lidar com esse excesso de responsabilidade a seguir:
O que é a culpa materna?
Você se lembra do seu primeiro dia de trabalho? No começo, a sensação de estar perdida e sem ter a quem recorrer, junto ao medo de errar, provavelmente fizeram parte da adaptação. Mas depois que se pega o jeito, tudo tende a correr bem.
A mesma coisa acontece na maternidade. Toda essa impressão de que não importa o que você fizer ou da forma como fizer, que tudo vai dar errado, ou que você poderia ter feito melhor, acaba levando o nome de culpa materna.
E ela recebe essa nomenclatura pois acaba acometendo mais as mães do que os pais. Isso porque, as mulheres que deram à luz recentemente passam por uma perda de nutrientes durante a amamentação, lidam mais com as noites com privação de sono e sofrem muitas vezes com isolamento social, o que afeta mais o psicológico do que nos homens. Além disso, socialmente falando, as mulheres são as únicas cobradas pelo papel da mãe, esposa e profissional perfeita. Nós mulheres somos ensinadas a cuidar desde pequenas, então tudo que “sai do script” faz com que nos sintamos culpadas.
Quais as principais causas?
De conciliar a vida social aos afazeres, existem diversos motivos que levam à culpa materna:
Alimentação adequada
Sabe quando você sente que não deveria estar dando aquele alimento para o seu filho, mas mesmo assim dá? Muitas mães têm dificuldade em encontrar o equilíbrio, porque somos o tempo todo bombardeadas com a ideia de que não pode haver “furos” na alimentação da criança.
Brigas e desavenças
Afeta as mães que acham que estão exagerando no tom na hora de ensinar os filhos ou que acabam criando conflitos com o bebê devido a birras. Também é comum em mulheres que acham que não estão educando o pequeno da forma certa para lidar com o mundo.
Excesso de tecnologia
O que para algumas mamães é um alívio para distrair os filhos, para outras pode ser um problema. O excesso de uso de tablets, celulares, computadores e televisão faz com que muitas mulheres se sintam culpadas pela falta de regulação no tempo gasto com os gadgets e como isso poderia ter sido aproveitado com brincadeiras tradicionais no lugar.
Falta de tempo
Por fim, talvez uma das formas mais clássicas de sentir culpa materna é não saber conciliar o resto da vida de antes com a chegada do bebê. O retorno da licença maternidade, por exemplo, costuma evidenciar essa questão. Ou quando amigos e familiares fazem convites para um passeio ou evento e você não sabe se prioriza o bebê ou você mesma por algumas horas.
E o que fazer quando sentir culpa materna?
Uma vez que você se identificou com as mais prováveis causas da culpa materna, chegou a hora de saber como contorná-las:
1. Rede de apoio
Em primeiro lugar, é importante saber que você não está sozinha. Por isso, não tenha medo de pedir ajuda (de aceitar também!) e de expor o que está sentindo. Procure conversar com outras mães que também já tiveram o problema para saber como elas lidaram com esses sentimentos nos primeiros anos de vida das crianças.
Por experiência própria eu sei que nem sempre a rede de apoio é real e viável. Mas saibam que meu direct está aberto para te ajudar caso você tenha dúvidas, conflitos e precise desabafar.
2. Cada caso, uma solução
Existe uma diferença entre se basear na solução de uma pessoa e de comparar o que ela passou com o que você está sentindo. Eu costumo dizer que “a comparação é inimiga da felicidade”. Ela pode acabar piorando a culpa materna, e por isso, não vale a pena usar o outro como exemplo para a solução dos seus problemas.
É o que acontece nas redes sociais, por exemplo. Ao tentar comparar as suas responsabilidades com as de pessoas que vão postar momentos felizes, isso pode acabar gerando a chamada positividade tóxica, que afeta a saúde mental. Lembre-se que as redes sociais são uma fração do dia da pessoa e ela escolhe o que vai mostrar. Você acompanharia uma pessoa que só reclama ou mostra a parte ruim da vida dela? Então, ela não vai mostrar isso, e pode dar a impressão de que a vida dela é perfeita.
Se pra você a comparação é inevitável, dar um detox da tecnologia pode ser útil não só para o bebê, mas para você também.
3. Cuide de você
Reserve um tempo para si mesma no dia a dia. Seja na hora do banho, durante uma refeição, ou para um hobby como pintura ou leitura, é importante lembrar que você precisa estar bem para que seu filho também esteja.
Além disso, priorize o sono regulado na sua rotina de cuidados, pois uma mente que passou a noite em claro não vai conseguir relaxar da forma devida e pode se sentir ainda pior com a pressão da sociedade.
4. Saiba o que priorizar
Se na sua cabeça, uma das preocupações da culpa materna é predominante, entenda que priorizá-la pode ser um passo importante para ajudar na superação. Ou seja, não adianta abraçar o mundo. Muitas vezes focar em só uma atividade que está tomando o seu tempo dá a sensação de dever cumprido e alivia a tensão ao invés de tentar resolver todos os detalhes.
5. Fique tranquila
Por fim, entenda o que está causando o estresse e, consequentemente, a culpa materna. Vale a pena mesmo se remoer à toa? Afinal, a criança vai acabar aprendendo com os erros dela, como qualquer ser humano. E se a origem do problema for um trauma ou situação mal resolvida no passado, não deixe de buscar por auxílio de um psicólogo ou terapeuta para superar isso.
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Referências bibliográficas:
Feeling Pressure to Be a Perfect Mother Relates to Parental Burnout and Career Ambitions. Front Psychol. 2018.
Loes M. et al. Feeling Pressure to Be a Perfect Mother Relates to Parental Burnout and Career Ambitions. Frontiers, 2018.
Emily P. The Mental Load of Motherhood: How To Support The Mother. NaperVille Counselling, acesso em outubro de 2022.