Poucos acontecimentos na vida são tão contraditórios quanto a maternidade: ao mesmo tempo em que o amor pelo bebê cresce, a preocupação, a exaustão com a nova rotina e até a crise de identidade podem fazer parte do pacote e fazer a autoestima despencar.
Pesquisadores da Universidade de Tilburg, na Holanda, analisaram, durante nove anos, os dados de mais de 84 mil mulheres norueguesas e descobriram que há um declínio na autoestima durante a gestação, seguido por um aumento nos seis primeiros meses após o parto, passando por uma nova queda até a criança completar 3 anos.
De fato, a tendência natural nos primeiros anos é que os cuidados com os filhos tomem boa parte do nosso tempo. O autocuidado? Ah, esse fica lá no fim da lista de prioridades. A questão é que, para cuidar do outro, primeiro é preciso cuidar de si. E isso não tem nada a ver com egoísmo. Uma mãe mais feliz com certeza vai criar um filho mais feliz também.
Não sabe por onde começar? Vem que vou te dar algumas dicas de quem já passou por isso duas vezes
1. UMA HORA INTEIRINHA APENAS PARA VOCÊ APROVEITAR
Com todas as demandas que vêm com o bebê, mal sobra tempo para ir ao banheiro… Que tal forçar um pouco a barra e separar uma hora do dia apenas para você? Você pode aproveitar um momento em que o pai está com o bebê ou um momento de manhã, antes de todo mundo acordar, e assistir um episódio da série que você gosta, tomar um café em um lugar diferente, ou até mesmo não fazer nada. Se você tem
2. CINCO MINUTOS DE ATENÇÃO PLENA. SÓ PARA VOCÊ
Que tal sair do modo “piloto automático”, que envolve troca de fralda, banho, refeições, cuidados com a casa… e dar um pouco de atenção ao seu corpo? Precisamos valorizar e incentivar a prática de pausas no cotidiano. Elas são restauradoras e nos preparam para os próximos desafios. Abra espaço na agenda para pequenos momentos em que você realmente faz o que tem de fazer. E com atenção. Nessas pausas, você coloque os pés no chão, escute seu corpo e sua frequência cardíaca e observe o que realmente necessita para se sentir melhor. Então, direcione a atenção para o que está acontecendo naquele momento. Ao nos observarmos melhor, fazemos também escolhas mais conscientes
3. CULTIVE O AUTOCUIDADO
Olhar com carinho para o seu corpo é também uma maneira de resgatar o amor próprio e se sentir melhor para encarar as outras tarefas do dia. Um banho mais demorado, com direito a automassagem e hidratação no cabelo fará você mais feliz? Aproveite os momentos em que as crianças estão dormindo ou quando há ajuda para cuidar delas e invista nisso.
Para mim, por exemplo, as unhas são um termômetro. Eu me sinto bem quando estou com as unhas feitas, então eu sempre tentava separar um tempo na minha semana para fazer as unhas e é assim até hoje. Não importa o quanto a agenda esteja apertada, é um momento de cuidado comigo mesma que faz muita diferença em como eu me vejo e, por consequência, como eu me mostro para as pessoas, afinal, autoconfiança vem de dentro para fora.
4. SOM NA CAIXA
A música tem a incrível capacidade de nos conectar com a nossa história, resgatar lembranças e até sentimentos que nem lembrávamos mais que existiam. Então, nada melhor do que dar o play em suas canções favoritas, fechar os olhos e, mesmo que seja com o bebê nos braços, dançar ao som de seu hit do coração. Só de imaginar, a sensação já é boa, né?!
Quem me segue lá no Instagram sabe que o axé anos 90/2000 me acompanha e rola até umas dancinhas!
5. ABRACE A NOVA MULHER QUE VOCÊ SE TORNOU
Não caia na armadilha de comparar o seu corpo antes de ter filhos com o de agora. Muito menos o compare com o de outras mães. Cada um tem uma história e é preciso acolher e abraçar a mulher que você se tornou. Se tentar voltar a ser a mulher que você era traz sofrimento, simplesmente pare. Em vez de focar nas partes que não gosta do seu corpo, valorize o que você curte nele. Evite olhar referências externas e busque usar as roupas que a fazem se sentir bonita. Use-as porque você se sente bem e não porque precisa estar bem vestida para ser aceita. Vista-se para si mesma, paute-se em seus gostos e no que faz sentido para você.
6. RECONECTE-SE
Estar rodeada por amigas que são mães é incrível. Dá para trocar experiências e ver que você não está sozinha em suas dúvidas e angústias e foi com esse objetivo que nasceu o De Mãe em Mãe, criar uma comunidade de apoio para mães. Mas resgatar o contato com quem você conhece há tempos pode ser ótimo para enxergar além da maternidade.
7. COLOQUE NO PAPEL
Escrever o que está vivendo, do que gosta, o que fez, contribui para que você se aproprie da sua história e das experiências, ajudando também na organização e reconhecimento dos sentimentos.
Um estudo analisou 421 pessoas e concluiu que escrever sobre as experiências vividas pode aumentar a autoestima. Essa atitude torna visual todas aquelas atitudes que adotamos sem perceber. Ajuda também a retomar seus objetivos e a lembrar-se de onde quer chegar, nomeando seus sentimentos, o que pode ser muito útil para sair do modo “piloto automático”. Existematé aplicativos que ajudam. Um deles é o Cogni (gratuito, disponível para iOS e Android), que pergunta como você está se sentindo, o que a fez se sentir daquela forma e como você agiu diante de tal sentimento ou acontecimento. As informações ficam no histórico do aplicativo e é possível comparar as variações de humor ao longo do mês, por exemplo.
8. RECONFORTO NA CULTURA
Foram tantos meses lendo sobre enxoval, decoração de quarto do bebê, parto, que, às vezes, você até se esquece que adorava filmes de ficção científica, livros de suspense ou séries românticas. Voltar para esses velhos hobbies pode te ajudar a sentir que fez algo de bom para você – mesmo que por pouco tempo – e assim, a rotina extenuante tende a se tornar mais leve, enquanto você resgata um pouco desses hábitos que te trazem alegria.
Entenda seu tempo e não se cobre. A maternidade é uma mudança enorme nas nossas vidas e é normal a gente não se sentir como nós mesmas e ao longo do tempo vamos percebemos que não somos mesmo. Alguns hábitos e gostos antigos vão continuar fazendo sentido e outros nem tanto, e você vai conseguir dosar isso com o tempo.
Espero que tenha gostado desse conteúdo! Coloca aqui nos comentários se você tem mais alguma dica que te ajudou a melhorar a auto estima depois da maternidade.
De mãe em mãe, construiremos um novo maternar!
Referências
van Scheppingen MA, Denissen JJA, Chung JM, Tambs K, Bleidorn W. Self-esteem and relationship satisfaction during the transition to motherhood. J Pers Soc Psychol. 2018;114(6):973-991. doi:10.1037/pspp0000156
Steiner KL, Pillemer DB, Thomsen DK. Writing about life story chapters increases self-esteem: Three experimental studies. J Pers. 2019;87(5):962-980. doi:10.1111/jopy.12449