De Mãe em Mãe

Amamentação em livre demanda: o que é e o que não é

Amamentação em livre demanda. Você sabe o que isso realmente significa? Se tem algo que é cheio de mitos na vida materna é a amamentação. Antes mesmo do bebê nascer já recebemos milhares de orientações, nem todas corretas e muito divergentes sobre o assunto e a livre demanda é uma das pautas que eu mais vejo ser tratada de maneira equivocada. 

Por isso, hoje venho explicar exatamente o que é a amamentação em livre demanda e por que esse método de amamentação é o mais indicado e começo dizendo o que NÃO é a amamentação livre demanda: amamentar sob livre demanda definitivamente não significa dar o peito sempre que o bebê chorar! 

O que é a amamentação em livre demanda? 

amamentação em livre demanda

Anos atrás, lá na época em que nós nascemos, as mães já saíam do hospital com uma receita pronta: amamente seu bebê de três em três horas, reveze os dois peitos. Dez minutos em cada, senão o bebê pode não adquirir os nutrientes necessários e seu peito vai empedrar. Bom, o tempo passou, a ciência evoluiu e as recomendações hoje são outras. 

A amamentação em livre demanda nada mais é do que oferecer o peito sempre que o bebê sentir fome. Como eu disse, isso não significa dar o peito sempre que o bebê chorar, mas sim, ao menor sinal de fome do bebê. Bebês choram por outros motivos também e, quando se trata de fome, o choro é o ÚLTIMO sinal! 

Aprenda a identificar quando seu bebê está com fome.

A livre demanda do lado da mamãe também conta, e se a mamãe sentir a mama muito cheia, dolorida, deve amamentar seu bebê. Isso acontece principalmente à noite, quando os bebês costumam ficar mais horas sem mamar. Até como prevenção do ingurgitamento mamário, as mães devem dar de mamar para alívio.

Por que a amamentação em livre demanda é recomendada? 

Nós nascemos com um mecanismo complexo e eficiente de auto regulação de fome e saciedade. Isso significa que sabemos quando e quanto queremos comer. Por alguns motivos que explico brevemente aqui, nós adultos podemos perder a capacidade de entender e interpretar esses sinais, mas os bebês têm isso muito aflorado e conseguem regular a quantidade exata de leite que precisam consumir para terem suas necessidades atendidas. 

Quando colocamos hora certa para mamar e tempo de mamada, interferimos nessa compreensão que o bebê tem, e ignoramos necessidades e individualidades. Por exemplo: no calor os bebês acabam mamando mais porque sentem mais cedo e, durante a amamentação exclusiva, o leite é a única fonte de hidratação para esse bebê. O mesmo acontece durante os saltos de desenvolvimento: seu filho está passando por um processo em que vai aprender algo novo e, provavelmente, acabará precisando de mais calorias nesse momento. Então é comum durante esses saltos os bebês mamarem mais. 

Sobre limitar o tempo de mamada em cada seio, também não é recomendado porque a composição do leite materno muda ao longo da mamada. O leite do começo da mamada é mais rico em água e proteínas, e serve para hidratar o bebê. Já o leite que vem no final da mamada é conhecido também como “leite gordo”, porque é mais rico em gorduras. É essa fração do leite que é responsável por fazer o bebê engordar e sentir-se saciado. Se você não esperar seu filho esvaziar uma mama antes de trocar, ele não vai consumir esse leite mais rico em gorduras e, consequentemente, acabará sentindo fome mais cedo.

Com o tempo você e seu bebê vão se entender e a sua produção de leite vai acontecer conforme a necessidade dele. E isso tudo acontece quando você permite a amamentação em livre demanda. 

Como conduzir a amamentação em livre demanda? 

Como eu citei, é preciso entender quando seu bebê está com fome. Além dos sinais de fome que seu bebê apresenta, antes de chorar, ter uma rotina vai te ajudar a entender mais ou menos quando é que essa fome vai aparecer. 

Desde cedo, estabeleça uma organização dos acontecimentos do dia (comida, atividade – banho, trocar fralda e etc, soneca e enquanto bebê dorme um tempo para você), pois assim você conseguirá identificar as necessidades do bebê de cada momento com mais facilidade. Eu explico direitinho nesse post aqui tudo o que você precisa saber sobre esse método de rotina e como aplicá-lo desde que o bebê chega da maternidade.

Essa rotina não é engessada e, como eu falei, pode mudar de acordo com a fase que seu bebê estiver passando, mas é um bom guia para te ajudar a não dar o peito quando seu bebê precisa trocar a fralda, por exemplo. 

Bebês com fórmula também mamam em livre demanda? 

Não. A livre demanda restringe-se a bebês que estão em aleitamento materno, porque, como expliquei, há uma regulação da produção da mãe de acordo com a necessidade do filho, e também há a diferença na composição do leite materno ao longo da mamada. 

No caso de crianças alimentadas com fórmula infantil, é necessário seguir a prescrição orientada pelo seu pediatra, que considera a fase de cada criança. 

Se você tem alguma dúvida sobre aleitamento materno e sobre livre demanda, coloque aqui nos comentários!

De mãe em mãe, construiremos um novo maternar!

Referências 

Sociedade Brasileira de Pediatria. Manual de Alimentação: orientações para alimentação do lactente ao adolescente, na escola, na gestante, na prevenção de doenças e segurança alimentar, 2018. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/publicacoes/14617a-pdmanualnutrologia-alimentacao.pdf. Acesso em: janeiro de 2022.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Promoção da Saúde. Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos. Brasília : Ministério da Saúde, 2019.

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