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Alergias alimentares em crianças: mitos e verdades

Confira os principais alimentos alérgenos e como tratar as reações

Coceira, vermelhidão pelo corpo, dificuldade para respirar… esses são apenas alguns dos principais sintomas de uma alergia alimentar, condição que, segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), pode afetar cerca de 8% das crianças com até dois anos e 2% dos adultos.

Comumente, ela pode surgir no momento da introdução alimentar, uma vez que os pais começam a transição do aleitamento materno para novos alimentos até então desconhecidos para o organismo do bebê.

Porém, é preciso ter cautela quanto a esse assunto, já que existem muitas notícias falsas sobre alergias alimentares, suas manifestações e tratamentos. Hoje, vou te ajudar a desmistificar um pouco mais sobre esse tema:

Quais são os tipos de alergia alimentar?

Uma alergia alimentar pode ser considerada qualquer resposta anormal do corpo a um determinado alimento. Os tipos dela variam conforme os sintomas que o organismo apresenta, sendo os mais conhecidos:

·         Por contato: causam uma reação quando a criança simplesmente toca no alimento, gerando uma dermatite atópica.

·         Por inalação: quando o bebê inala o odor ou parte do alimento pelas vias aéreas, levando a problemas respiratórios e asfixia.

·         Por ingestão: após a criança consumir o alimento, passa a apresentar diferentes sintomas gastrointestinais e também dermatites e dificuldade para respirar como nos outros casos.

Como descobrir se é alergia alimentar?

O que os pais podem observar em casa é que, após a criança apresentar sintomas como enjoo, urticária, asma, coceira, vômito ou diarreia, se determinados alimentos consumidos naquele dia estão provocando essas reações.

Nem sempre é fácil para a gente notar, mas a minha dica é que você tente anotar as refeições dadas ao pequeno em um diário ou caderno. Perceba se os dias em que ele passou mal possuem algum ingrediente em comum, principalmente os alérgenos (mais abaixo você irá conhecê-los).

Também é importante consultar o seu pediatra para entender se realmente é um caso de alergia alimentar. Ele saberá quais testes podem auxiliar no diagnóstico, que geralmente inclui o exame de provocação oral com o alimento em ambiente hospitalar. Caso a criança apresente uma reação, o profissional conseguirá medicá-la adequadamente.

Por fim, se você ou outra pessoa da família já foi diagnosticada com alergia alimentar, as chances de a criança também ter essa condição são maiores, então tenha essa informação em mente para ajudar na identificação.

Como é a manifestação dos sintomas da alergia alimentar?

Os principais sintomas que indicam que a criança está com algum tipo de alergia alimentar incluem:

·         Vômito e enjoo

·         Diarreia

·         Coceira na pele

·         Manchas avermelhadas em todo o corpo

·         Dificuldade para respirar ou engolir

·         Sangue nas fezes

·         Inchaços, especialmente no rosto e língua

·         Chiado e tosse

Mas vale ressaltar que apenas um profissional qualificado pode dar o diagnóstico e tratamento adequados.

Quais os alimentos que mais causam alergia?

Aqui no De Mãe em Mãe, tenho um post que explica melhor sobre os principais alimentos alergênicos usados na introdução alimentar, você pode conferi-lo aqui para saber como usá-los com cautela. Mas em resumo, a lista de atenção costuma incluir:

 ·         Leite de vaca

·         Ovos

·         Soja

·         Trigo e derivados

·         Peixes

·         Frutos-do-mar e mariscos

·         Amendoim

·         Gergelim

·         Nozes

Como tratar alergia alimentar em bebês e crianças?

Por mais que não exista um medicamento que previne a alergia alimentar ou que a cure para sempre, existem cuidados na rotina alimentar da criança que podem ser priorizados pelos pais.

Uma vez que o alérgeno foi identificado, vale a pena consultar os rótulos de todos os alimentos comprados e checar se possuem a presença desses ingredientes. Por lei, as empresas precisam estampar essa informação nas embalagens, como, por exemplo: “Contém trigo e derivados”.

Muitas vezes pode até ser um alimento que nem leva o alérgeno, mas que pelo manuseio do produto ser usado em uma máquina contaminada pela substância, possui esse tipo de alerta, então vale ficar de olho.

E para crianças que tiveram uma reação alimentar grave, o pediatra pode prescrever um kit de emergência que contém epinefrina, um medicamento que ajuda a interromper os sintomas de reações graves. Para saber como aplicar a injeção, é fundamental conversar com o médico para mais informações.

Em alguns casos, a alergia da criança pode ser superada após três a seis meses. Outras, duram até os três ou quatro anos. Mas ainda assim, algumas podem persistir por toda a vida, e com isso, recomenda-se cautela caso o seu filho queira experimentar algo que ele já apresentou alergia alimentar prévia.

4 mitos e verdades sobre a alergia alimentar

alergias alimentares
Imagem: Canva

Saiba como discernir boatos de fatos comprovados cientificamente sobre as reações alérgicas:

1- Alergia alimentar e intolerância alimentar são a mesma coisa.

Mito. A alergia alimentar causa uma resposta do sistema imunológico, ocasionando em sintomas que variam de um simples desconforto intestinal até um elevado risco de vida. Já a intolerância alimentar não afeta o sistema imunológico, embora alguns sintomas possam ser os mesmos da alergia, e costumam ser relacionados ao bem-estar gastrointestinal.

2- Devo introduzir alimentos alergênicos mesmo se meu filho possuir histórico familiar de alergia alimentar

Verdade. Por mais que o histórico familiar aumente as chances, não dá para saber até a criança experimentar um alimento. Nesses casos, basta ter um pouco mais de atenção aos sinais, oferecendo um de cada vez e com tempo bem espaçado entre eles.

3- Quanto antes eu oferecer um alimento alérgeno, melhores as chances de prevenir uma alergia alimentar

Mito. Por mais que seja, sim, importante começar uma introdução alimentar segura com o bebê, ela não pode ocorrer antes dos seis meses. Antes disso, a Organização Mundial da Saúde recomenda a amamentação como forma exclusiva e completa de alimentação infantil, portanto, nem mesmo experimentar é recomendado nessa fase da vida.

Mas, assim que o bebê tiver 6 meses e todos os sinais de prontidão e assim, apto para iniciar a introdução alimentar, os alimentos alergênicos devem fazer parte do cardápio desde o começo.

4- Vacinas como a da febre-amarela e da gripe não podem ser dadas em crianças com alergia a ovo

Parcialmente verdade. Geralmente, a alergia alimentar a ovo não é um impeditivo para que o bebê tome vacinas importantes para a saúde e siga com o calendário de imunização em dia. Mas em casos raros, especialmente nos que causam urticária por contato com ovo, o bebê pode apresentar reações alérgicas à vacina. Por isso, cabe ao pediatra auxiliar no processo para saber se o pequeno está apto ou não a receber a vacinação.

Ficou com mais alguma dúvida sobre alergias alimentares? No meu Instagram @gibelarmino_ você confere mais dicas!

De mãe em mãe, construiremos um novo maternar!

Referências bibliográficas:

Food allergies in babies and young children. NHS, 2021.

Food Allergies. Nemours Kids Health, 2022.

Alergia Alimentar é o tema central da Semana Mundial. ASBAI, 2019.

Food Allergies in Children. John Hopkins Medicine, acesso em abril de 2023.

Flu Vaccine and People with Egg Allergies. CDC, acesso em abril de 2023.

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